sábado, 11 de junho de 2011

Abaixo a ditadura da dona Fifa

Que estranha entidade é essa que desrespeita a soberania dos países, não é enquadrada por nenhum tribunal internacional e não presta contas a ninguém sobre um estoque cada vez mais espantoso de denúncias de corrupção ?

No mundo milionário do futebol, de pouco ou nada valem as legislações dos países membros da Fifa, cujo número de integrantes supera até mesmo os da ONU. Diante da complacência dos organismos responsáveis pelo direito internacional, a poderosa multinacional do futebol submete confederações, federações, clubes e atletas ao seu peculiar código de leis.

E as regras de Zurique são claras : clubes, federações ou confederações filiados ao sistema Fifa que ousarem pleitear seus direitos na justiça são punidos com a exclusão sumária dos quadros da entidade. Isso significa, nada menos, que o alijamento do infrator de toda e qualquer competição chancelada pela Fifa. Os elos desta engrenagem são simples : o jogador é vinculado ao clube, que por sua vez é filiado a uma federação, que faz parte de uma confederação, que é filiada à Fifa.

Toda e qualquer querela jurídica, portanto, deve obrigatoriamente ser dirimida pelos tribunais esportivos. Sem perdão : exerceu a cidadania, acionou a justiça comum - caminho seguido por todos os mortais para garantir direitos -, está fora. Diante de tal afronta aos princípios mais elementares do estado de direito, impressiona a cumplicidade, ou omissão, da crônica esportiva. E não apenas do seu estrato mais bajulador e alienado. Também a minoria de  cronistas mais independentes e críticos passa batida sobre esta aberração jurídica.

Se origina aí, sem dúvida, muitos dos descalabros cometidos pela Fifa. Soberana do monopólio da bola, com salvo conduto para mandar e demandar, ela impõe prazos para construção de estádios, aeroportos, hotéis, rodovias, ferrovias, etc. Cobra, ainda,  respeito absoluto ao seu padrão arquitetônico para estádios de futebol, se lixando para hábitos, costumes e tradições. Por esta lógica, nem o Maracanã escapa. É posto abaixo, soterrando 60 anos de história do templo mais importante do país do futebol. Tudo em nome das arenas de elite ( com o povo do lado de fora, bem entendido? ) que a Fifa exige para suas competições. Mesmo que o legado da realização de uma Copa do Mundo seja elefante branco para todo lado, como na África do Sul. Mesmo que a dívida dos países sede seja multiplicada por mil.

Se tem força e poder suficientes para se impor a governos, parlamentos e judiciários das nações, que dirá para sonegar explicações sobre denúncias de corrupção. Por isso, sobre pau e pedra, com o  mundo escandalizado diante das evidências cada vez mais fortes de que o Catar pagou para sediar a Copa de 2022, o doutor Blatter tomou posse para mais uma mandato à frente da entidade. Enquanto isso, Ricardo Teixeira submergia. Seu silêncio ensurdecedor tem a ver com a incrível  revelação da mídia inglesa de que ele recebera propina, mas que, num arroubo de franciscanismo, devolvera. Comovente.

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