terça-feira, 21 de junho de 2011

Sob o signo da burrice

Há mais de dez anos a oposição brasileira pauta sua atuação por uma estratégia tão monocórdica quanto fracassada : tal qual no jogo de vôlei, a velha mídia levanta a bola para a oposição cortar. Só que a incompetência desta dupla vem isolando a bola para longe da quadra adversária. Muitas vezes para a arquibancada. Mas não adianta. Se três derrotas eleitorais seguidas não foram suficientes para os oposicionistas mudarem essa tática burra, azar o deles. Nosso time, penhorado, agradece.

Nos últimos dias, a lógica manipuladora de se construir versões dos fatos e difundi-las à exaustão teve como alvo três assuntos : a discussão sobre o sigilo dos documentos tidos como ultrassecretos, o "sigilo" em torno do orçamento da Copa e, por obra e graça do lixo jornalístico que atende pelo nome de Veja, a exumação do caso dos "aloprados" do PT.

O governo acaba de pôr um ponto final na polêmica criada em torno dos documentos ultrassecretos, avisando que acata qualquer decisão do Congresso. Isso, segundo consta, depois de o Itamaraty passar um pente fino em seus arquivos, especialmente naqueles sobre disputa de fronteiras e relações internacionais. Constrangida por ter dedicado generosos espaços à tese de que a presidenta passara a defender o sigilo eterno, a velha mídia não se fez de rogada : agora, Dilma é uma presidenta vacilante, que hesita na hora de tomar decisões.

Na verdade, no debate sobre os documentos do Estado brasileiro, a realidade dos fatos sempre passou longe do simplismo oportunista da velha mídia e da oposição, que buscam a todo custo disseminar a ideia de que a presidenta mudara de lado, e hoje se alinha àqueles que querem sabotar o direito do povo ao pleno conhecimento da sua história. E mais grave : ela foi convencida por ningúem menos que Sarney e Collor.

Pingos nos is : primeiro que duvido que exista algum militante do PT ou dos outros partidos do campo progressista e de esquerda que seja favorável ao sigilo eterno; depois, é importante jogar luz sobre o que a velha imprensa esconde : quem assinou decreto estabelecendo a prorrogação sem limites do caráter ultrassecreto de determinados documentos foi Fernando Henrique Cardoso. Essa decisão seria revogada por Lula, que fixou a prorrogação por 30 anos.

Outro esclarecimento importante diz respeito ao debate institucional do projeto. Embora o dispositivo que reduz para 25 anos, renováveis por mais 25, o sigilo dos ultrassecretos tenha sido aprovado pela Câmara dos Deputados, o projeto mal iniciou sua tramitação no Senado. Ou seja, ao contrário do que tentou fazer crer os jornalões, só teremos uma decisão definitiva depois da votação no Senado e da sanção da presidenta Dilma. E, se a presidenta, alegando razões de Estado, chegou a defender o sigilo ilimitado para certos documentos, coube à militância do PT, aos movimentos sociais e à sociedade pressionar para que ela voltasse atrás.Simples assim. Afinal, só não muda de ideia, quem não tem ideia.

"Sigilo" do orçamento da Copa do Mundo - A comoção criada pela velha mídia acerca de um suposto sigilo do governo em relação aos gastos com a Copa é outro factóide, devidamente detonado pelo ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, em artigo publicado na edição de O Globo desta terça-feira, 21 de junho."Não se trata de limitar a divulgação de gastos à sociedade, mas apenas de não revelar antecipadamente para os licitantes o valor máximo que o governo está disposto a pagar por uma obra. A ideia dos que propuseram essa mudança é que assim os preços vão cair, inclusive porque se evita o conluio (...) Mas é óbvio que o preço final contratado será divulgado por todos os meios, inclusive no Portal da Copa. Então, não se reduz em nada a transparência do gasto público", se posiciona com clareza o ministro sobre a discussão da MP 527.

Veja ressuscita "aloprados" -Com aquele seu conhecido padrão jornalístico de "qualidade", a revista da Abril requentou o episódio acontecido na reta final do primeiro turno das eleições de 2006, há quase cinco anos, portanto. Sempre na base do "quem sabe", "teria", "seria", "estaria", "talvez", a matéria da Veja faz um esforço comovente, apelando para todo tipo de ilação e conjectura, para atingir a imagem do ministro Mercadante e do PT. A senha deste jornalismo rasteiro da Veja logo seria entendida pelos Agripinos e Álvaros Dias da vida, que, como sempre, desandaram a falar em CPI, convocações, investigações, etc. Não aprendem.

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