terça-feira, 28 de junho de 2011

O zigue-zague fisiológico de Marina

O episódio da saída da ex-senadora Marina Silva do  PV é um exemplo acabado de como outrora respeitáveis ativistas políticos fazem questão de deslustrar suas biografias.Da saída eleitoreira do PT para cá, Marina se esmerou em mostrar uma nova face política. De pivô de uma sórdida campanha preconceituosa contra Dilma Rousseff em 2010 à recente saída também do PV, passando pela aliança tipo unha e carne com Gabeira e Sirkys (os mosqueteiros verdes que transitaram da esquerda para a direita sem constrangimentos), ela vai deixando cada vez mais para trás, perdida  na poeira do oportunismo, a valorosa defensora dos povos da floresta


Enebriada por uma leitura incorreta e despolitizada dos 20 milhões de votos que obteve nas últimas eleições, Marina navega nas águas turvas do desprezo pelas estruturas partidárias. Seria cômico, se não fosse lamentável, o desserviço prestado por Marina ao tão necessário aumento do  nível de politização da sociedade, ao anunciar detalhes sobre sua saída do PV. É algo mais ou menos assim : ela e parte do seu grupo saem do partido, mas não se filiam a nenhum outro, enquanto examinam possibilidades como a criação de um novo partido, ou a adoção de partidecos ainda em formação, ou, pasmem, a volta ao PV, desde que tenham o controle da legenda.

O horizonte único e obcessivo com que enxerga a política, ou seja, as eleições de 2014, deve ter atingido em cheio a capacidade do grupo da Marina de avaliar com alguma clareza o cenário político. Por isso, superdimensionam seu cacife eleitoral, com base em pressupostos falsos. Primeiro que a maioria dos votos dados a Marina no ano passado estiveram longe do viés ecológico e libertário comuns ao eleitorado verde europeu, principalmente. Aqui, Marina colheu seus votos com a disseminação do ódio, do preconceito, do atraso e da falta de respeito a uma mulher como Dilma Roussef, cujo passado em defesa da liberdade e da democracia foi achincalhado pela mídia, pela classe média conservadora, por José Serra e por... Marina Silva. Triste, mas é a mais pura verdade.

É importante chamar a atenção também  para a superficialidade do discurso linear que move as pretensões eleitorais da ex-ministra : " bem , se tivemos 20 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais, surepeendendo a todos, na próxima, concorreremos com grandes chances de vitória." Bobagem. Assim como no mundo do futebol, onde o clichê cada jogo é um jogo é confirmado rodada após rodada pelo perde e ganha dos times, também em eleições se constitui num erro primário a transposição mecânica de um resultado eleitoral como fator determinante para o sucesso no próximo pleito.

Não é possível que não saibam que tudo leva a crer que Dilma chegará a 2014 com amplas condições de se reeleger; que desconheçam  a presença luxuosa de Lula no banco de reservas petista para qualquer eventualidade e que o avanço da sociedade, em relação ao qual as últimas decisões do STF falam por si, indica que, muito provavelmente, não se terá clima para a repetição, em 2014, do ambiente político-eleitoral manchado pelo preconceito e pela baixaria, que foi a marca da eleição do ano ano passado.

Um comentário:

  1. A Marina vai lançar um partido novo para concorrer a Presidência da República, será o PPPOV - Partido Para Perder Outra Vez.

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