Surge, enfim, no horizonte a esperança de que o governo Dilma saia da arapuca montada pela dobradinha PIG-oposição, que ao ritmo de uma denúncia por semana tenta paralisar o governo e destruir sua base de apoio no Congresso. "Não vamos abraçar a corrupção, mas não serei pautada pela mídia". A declaração da presidenta Dilma, em entrevista exclusiva concedida à revista Carta Capital desta semana, merece atenção redobrada. Primeiro porque poucos hoje duvidam da determinação de Dilma contra malfeitos. Depois porque pode sinalizar uma virada do governo.É que está mais do que na hora de a presidenta passar das palavras à ação e diante da próxima denúncia, que certamente virá, dizer que se recusa a continuar falando sobre suspeitas de corrupção; que isso cabe à CGU e à Polícia Federal, as quais vêm atuando prontamente sempre que encontram fundamento nas acusações; que, além do mais, o ônus da prova cabe ao acusador e que é preciso tratar dos problemas prioritários do país como os efeitos da crise econômica internacional, os preparativos para a Copa e o Brasil sem Miséria.
A entrevista revela uma presidenta, como sempre, profunda conhecedora da máquina pública, ciosa das ações necessárias para superar problemas de infraestrutura para a Copa do Mundo, atilada sobre as formas de o Brasil reagir à crise internacional e com objetivos claros e "obsessivos" em relação a progrmas sociais de envergadura, tais como o que tem como meta tirar16 milhões de pessoas da miséria absoluta e, a grande novidade, o tratamento de saúde em casa, o home care. " Por quê ? Por que queremos inventar uma coisa sofisticada ? Não, porque é mais barato, é melhor para as pessoas e por poder ser feito em escala maior com um custo fixo muito pequeno e com um custo variável interessante. Isso vai descongestionar o tratamento final nos hospitais e diminuir a quantidade de tempo que as pessoas pemanecem ocupando um leito", se entusiasma Dilma.
Sobre a crise econômica atual, a presidenta é precisa, põe o dedo na ferida e identifica suas origens no tratamento dispensado aos causadores da crise de 2008/2009 : " Temos uma crise profunda, que, como todos sabem, não foi produzida pelos governos. Deve-se a uma crise do mercado financeiro, da sua desregulamentação, com aquiescência, aí sim, do poder público. Ontem, por acaso, estava com dificuldade de dormir e voltei a assistir ao documentário Inside Jog, um filme que todo mundo deveria assistir. É impressionante como, por meio de depoimentos, o absoluto descontrole fica patente. Em vez de tomarem medidas cabíveis para retomar as condições de crescimento, encheram os bancos de dinheiro outra vez, mantiveram a desregulametação, continuaram com o processo de descontrole e agora a crise se exprime de forma muito forte na Europa." Bingo, presidenta.
No tocante às medidas de seu governo para enfrentar a crise, ela faz questão de assinalar que o momento agora é diferente de 2008 e mostra grande procupação com a possiblidade de os EUA recorrerem ao quantitative easing 3 ( emissão de dólares), o que inundaria o Brasil da moeda americana. "Começamos a tentar uma política bastante clara no sentido de conter esses avanços quando o governo colocou aquela tributação sobre os derivativos (...) Não vamos deixar inundar o Brasil com produtos importados por meio de uma concorrência desleal e muitas vezes perversa. Vamos fazer uma política de conteúdo nacional com inovação, a mesma que aplicamos em relação à Petrobrás e que deu origem à encomenda de estaleiros novos produzidos no país. Também vamos olhar o efeito da crise por setor, porque ele é assimétrico. Alguns são mais prejudicados que outros. Os mais afetados receberão estímulos e proteção específicos."
O estoque de ações contra a crise, não para por aí : " Haverá uma política de defesa comercial, além da continuidade de nossas políticas sociais e de estímulo ao investimento e ao consumo.Ampliamos o Supersimples. Fizemos uma grande isenção tributária que beneficiará um universo muito grande de empresas (...) Sabemos que isso é só o início e estamos abertos a todas as outras hipóteses de trabalho, vamos acompanhar de forma pontual. É como se diz no futebol, marcação homem a homem. Aqui também será marcação mulher a mulher e de todos os jeitos possíveis (risos)."
Dilma manifestou otimismo em relação à conclusão, dentro do prazo, das obras da Copa, garantindo que não só estádios estarão prontos a tempo, mas os aeroportos também. Atacando a paranóia da mídia sobre o assunto, ela lembrou que dos 12 estádios em obras, 10 não apresentam qualquer tipo de problema. " Dos aeroportos com grandes problemas, temos São Paulo e Brasília, os demais têm muito menos problemas. Por isso, decidimos fazer concessões privadas em ambos (...) Estamos perto de bater o martelo na formatação do leilão. O edital sai em dezembro. Concederemos 51%, os outros 49% ficam com a Infraero." Mas a presidenta deixa claro que os sistemas de navegação e aproximação, ou seja, o sistema público responsável pela gestão dos voos, fica de fora da licitação e vai continuar sob responsabilidade do Deca ( Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Para o setor privado, portanto, sobram a administração dos aeroportos e sua ampliação.
O projeto do trem-bala foi defendido também por Dilma como uma grande oportunidade de se produzir uma reconfiguração urbana, para além de ser uma alternativa de transporte a mais. " Com o trem-bala, alguém que viva a 60, 70, até 100 quilômetros do Rio ou de São Paulo chegará rapidamente aos centros dessas cidades." Finalizando a primeira parte desta entrevista ( Dima e o Presente) à Carta Capital ( a segunda - Dilma e o Futuro -, sairá na edição do 17º aniversário da revista, na próxima sexta-feira), a presidenta assegurou que criará a Comissão da Verdade, para a qual espera contar com o apoio unânime de todas as bancadas do Congresso.
sábado, 13 de agosto de 2011
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