segunda-feira, 28 de novembro de 2011

As digitais do golpismo

Se alguém ainda duvida do caráter golpista da máquina de moer ministro montada pela velha mídia, é só prestar atenção ao que acontece depois que o dito cujo é demitido. Como num passe de mágica, todos os malfeitos cometidos, por conta dos quais os ministros são acusados, processados e condenados pela imprensa, desaparecem do noticiário. Daí em diante, nenhuma linha mais é publicada sobre o andamento das investigações na Polícia Federal, MP, Procuradoria Geral da República ou em órgãos de controle e fiscalização como CGU e TCU.

É palpável a sensação de "missão cumprida", por parte do oligopólio midiático, a cada queda de ministro. E a fila anda. Não há tempo a perder. É preciso pôr na a alça de mira o próximo. Às vezes, a pressa é tanta que, caso um ministro resista além do previsto como Carlos Lupi, um outro é posto no pelotão de fuzilamento para fazer companhia ao renitente, como é o caso das denúncias envolvendo Mário Negromonte, ministro das Cidades. E é bom que se diga que alguns ministros jogaram a tolha depois de intenso bombardeio, justamente em busca de paz para si e seus familiares. Eles sabem que, mesmo sem quaisquer provas contra eles, a única forma de se defender, na Jusitiça, com alguma tranquilidade, é entregando o cargo, pois assim a mídia os esquecerá.

Como diz o nosso Mino Carta, até o mundo mineral sabe que se a cruzada anticorrupção de Globo, Folha, Veja e Estadão tivesse um mínimo de inspiração patriótica, ou fosse movida pelo impulso republicano de proteger o erário público, espaços generosos permaneceriam sendo dedicados ao assunto mesmo depois da queda do ministro. Ocorre justo o contrário, em flagrante desrespeito também aos leitores desse jornalismo de esgoto. Ora, o sujeito que foi massacrado por uma versão monocórdica de rádios, jornais, TV e internet sobre o caso de um ministro acusado de corrupção tem todo o direito também de continuar sendo informado sobre desdobramentos futuros do episódio após a saída do ministro.

Mesmo sabendo do baixo nível intelecutal e da ausência de consciência cidadã de grande parte dos  profissionais que compõem as redações  hoje em dia e que muitos passam por uma espécie de lobotomização, aderindo mecanicamente às posições retrógadas dos seus patrões, não é possível que, em pelo menos alguns, não brote um sentimento crítico sobre o lixo de jornalismo a que servem.

Na última sexta-feira (25), o PT realizou, em São Paulo, um importante seminário para debater a necessidade de o Brasil ter um novo marco regulatório para as comunicações. O repórter destacado por O Globo para cobrir o evento, com certeza, ouviu palestras de alguns dos maiores estudiosos brasileiros sobre a democratização das comunicações. Conteúdo e debate de qualidade não faltaram. No entanto, o título da matéria do jornal da família Marinho é um monumento à manipulação da informação : " Dirceu quer jornal a favor." Não precisa dizer mais nada.

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