Está coberto de razão o governador da Bahia, Jaques Wagner, quando garante que não vai anistiar os que cometeram crimes em nome de um movimento reivindicatório, mas que também não pretende fazer nenhum tipo de caça às bruxas. É isso. É preciso separar o joio do trigo. Sem falar que perdoar os meliantes seria uma decisão extremamente injusta com os que se pautaram pela lei.
A quem interessa cenas como a de um grupo de policiais amotinados dentro de um prédio público usando mulheres e crianças como escudos humanos ? A quem interessa a disseminação do pânico entre a população justamente às vésperas da maior festa popular do país, o carnaval, o que revela o forte conteúdo oportunista do movimento ? Com certeza, não é aos setores democráticos da sociedade.
Às vésperas de o movimento chegar ao Rio de Janeiro, como tudo leva a crer, um chamamento à reflexão aos atores envolvidos é mais do que urgente. Se partirmos da premissa de que é um fato inquestionável o baixo salário recebido pelos policiais, também é preciso chamar a atenção de que as posições extremistas que vão prevalecendo no movimento dos policiais só jogam mais gasolina na fogueira e em nada contribuem para a conquista das suas reivindicações.
Aquela coisa do tudo ou nada, tipo : ou PEC 300 ou o caos, sem aceitar quaisquer mecanismos de gradualidade na recuperação salarial, certamente levará ao impasse. É necessário ainda pôr na balança o interesse público. O cidadão e a cidadã, os trabalhadores e as trabalhadoras, as donas de casa e os estudantes têm direito a brincar o carnaval sem o fantasma de uma cidade entregue ao Deus dará, com um criminoso agindo em cada esquina.
Por outro lado, a gravidade da situação impõe às autoridades do governo do estado do Rio de Janeiro o máximo de empenho para resolver o problema na mesa de negociações, que façam propostas que sinalizem de forma concreta a intenção de oferecer ganhos reais de salário aos policiais, recuperando suas perdas e conferindo dignidade a uma carreira tão essencial para a sociedade.
Há tempos defendo que categorias como policiais, bombeiros, médicos e professores precisam descobrir formas alternativas de fazerem seus movimentos reivindicatórios. Apesar de comuns, acho intoleráveis as greves de professores que duram 4 meses e prejudicam os alunos que muitas vezes perdem o ano letivo. Também acho inadmissível os médicos deixarem de atender os doentes. Devemos lembrar que ambas as categorias atingem muito mais as camadas pobres da população do que os governos municipais, estaduais ou federal. Há que se ter uma forma diferente de fazer pressão. Quanto a greve de policiais e bombeiros, acho ainda pior. Os bombeiros porque são militares e os policiais(militares ou civis) porque fazem greve armados. Não é cabível e eles sabem disso no momento em que prestam concurso público. A melhor forma de pressionar os governos é fazerem um ótimo trabalho que seja reconhecido pela população e que esta saia em defesa dos seus servidores, na acepção da palavra. Se a polícia for boa, a população será a primeira a pressionar o governador para que dê aumento aos policiais.
ResponderExcluirBepe temos primeiro saber se os policiais são uma classe de trabalhadores ou agente da repressão do estado contra as demais categorias que usam o legitimo direito de greve. Na Greve Nacional do Bancários tivemos vários epsódios de policiais reprimindo os trabalhadores e defendendo os patrões (banqueiros). Se assumirem que são uma classe toda solidariedade de classe, mas não é sempre assim quando a bola é invertida. Conconcordo com você quando fala do abandono da população sendo massacrada com a falta de segurança. Mas não podemos esquecer que sem greve aqui no Rio a polícia carioca mata muito mais.
ResponderExcluir