sexta-feira, 13 de abril de 2012

Casa dos agiotas começa a cair

A dura reação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao ataque dos banqueiros à decisão do governo de reduzir drasticamente os juros na Caixa e Banco do Brasil mostra que, enfim, um governo brasileiro resolveu peitar os poderosos barões das finanças encastelados na Febraban ( Federação Brasileira dos Bancos). O contra-ataque de Mantega e as declarações da presidenta Dilma nesta sexta-feira (13), segundo as quais os altíssimos spreads bancários no país são um entrave ao desenvolvimento, são motivos mais do que suficientes para que os banqueiros se sintam não com uma pulga, mas com um elefante atrás da orelha. Entre um gole e outro de puro malte de 21 anos e uma baforada num legítimo cubano, os  até então intocáveis donos da banca devem estar babando na gravata : “não é que surgiu no Brasil gente disposta a nos enfrentar. Esse genovês fdp vai se ver conosco.”

Chega a ser inacreditável que no país das mais altas de  juros do mundo e dos spreads (diferença entre o que o banco gasta para captar dinheiro no mercado e a taxas cobradas nos empréstimos aos seus clientes) igualmente mais elevados do planeta o presidente da Febraban, Murilo Portugal, saia de uma reunião com o governo trombeteando que a redução dos spreads só será possível se o governo reduzir impostos (IOF, Cofins e outros), diminuir o compulsório recolhido ao Banco Central, além de adotar várias outras medidas para melhorar as condições e aumentar a segurança do crédito.

Nenhuma palavra sobre a extraordinária lucratividade dos bancos. Só no ano passado os 25 maiores bancos brasileiros lucraram R$ 49,4 bilhões.O cinismo de Portugal impediu, é claro, que ele abordasse o quadro indecente atual dos spreads. “Os bancos privados não estão liberando crédito e estão cobrando spreads muito elevados. Bancos captam a 9,75% e emprestam a 30%, 40%, 50%, 80% ao ano dependendo das linhas de crédito”, põe o dedo na ferida o ministro Mantega.

Vale à pena conferir outros petardos do ministro contra a agiotagem legalizada : 

“Essas instituições têm margem de lucro elevada e não precisam de ações do governo para reduzir o custo dos financiamentos e aumentar a oferta de crédito no país.”

“Querem jogar a conta nas costas do governo.”

“O Murilo Portugal esteve aqui outro dia e, em vez de trazer soluções anunciando aumento de crédito, ele veio aqui para trazer cobranças. Se os bancos estão tão lucrativos, eles têm margem sim para reduzir as taxas e aumentar o volume de crédito.”

“O governo trabalha permanentemente numa agenda positiva para melhorar as condições e aumentar a segurança do crédito. Independentemente disso, os bancos a toda hora cobram mais segurança e medidas. Mas eles têm margem para aumentar o crédito neste momento e é necessário que isso seja feito sem mexer em nada.”

O dado concreto (expressão muito utilizada pelo nosso Lula) é que não tem surtido efeito o esperneio da velha mídia contra a queda acentuada dos juros da Caixa e do BB para o cheque especial, cartão de crédito, empréstimos e financiamento de veículos. Tenho ouvido nas ruas gente dizendo que vai transferir suas contas para esses bancos públicos. Acho que, desta vez, o governo colocou a banca privada numa “sinuca de bico”.

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