domingo, 24 de junho de 2012

Algumas lições do golpe no Paraguai


1) Direita é direita -  No Brasil, na América Latina, na Europa, na Ásia, na África ou na Conchinchina, boa parte da direita tem o golpismo no seu DNA. Das intervenções armadas nos anos 60, 70 e 80 a mecanismos mais sofisticados, tais como a guerra prolongada de desgate com o apoio do dispositivo midiático e a sabotagem econômica dos dias de hoje, a direita está sempre pronta a conspirar contra a legalidade. Para que isso ocorra, basta que os interesses que representam (corporações, latifúndios, bancos, etc) se sintam ameaçados por governos populares que invertam essas prioridades.

2) Protagonismo dos movimentos sociais -O apoio dos movimentos sociais é decisivo para a sustentação de governos  antineoliberais, à esquerda do espectro político do continente latinoamericano. A efetivação desse apoio não deve se limitar a alinhamentos político-ideológicos do tipo  "somos de esquerda, logo os movimentos sociais não têm outra alternativa que não seja somar conosco." Ao contrário, os movimentos sociais devem ter voz e vez nos governos e suas demandas e pressões absorvidas como matéria prima para a elaboração de políticas públicas.

3) Democratização  da mídia é urgente - A exemplo do que fez a Argentina, é urgente que os governos de esquerda trabalhem pelo envolvimento da sociedade nos debates visando a democratização dos meios de comunicação. No Brasil, posturas adocicadas como a do governo Dilma em relação ao monopólio midiático são armadilhas que devem ser desmontadas o quanto antes.Sem uma radiodifusão plural, que respeite as diferenças regionais e expresse as manifestações sociais e culturais do país, nossa mídia corporativa e monopolizada se manterá fiel ao seu histórico de apoio a articulações golpistas e antipopulares.Como rezam na cartilha dos seus congêneres do contimente, os principais jornais paraguaios, ABC Collor e La Vanguarda, assumiram a defesa do golpe contra o presidente Fernando Lugo.

4) Alianças com diferentes em defesa da governabilidade- Para os que torcem o nariz para as alianças de Lula e Dilma com setores conservadores desgarrados eventualmente da linha política hegemônica da burguesia, um aviso : em sistemas presidencialistas de coalização parlamentar, caso da maioria esmagadora dos países da América Latina, é fundamental para as forças populares a concretização de políticas de aliança não só eleitorais, mas principalmente destinadas a garantir a governabilidade. Porém, essas alianças não devem se limitar aos partidos do campo propular e progressista, pois com estes firmam-se pactos  de unidade,o que é outra história. A menos que os entendimentos  no campo da esquerda bastem para atingir a maioria eleitoral, social, política e parlamentar, situação que raramente ocorre, as alianças com o centro político e os setores mais republicanos de centro-direita têm se revelado essenciais para a  implementação de políticas sociais inclusivas e para o avanço do projeto democrtático-popular em curso no Brasil e nos países vizinhos.

5) Hegemonia da esquerda é essencial - Essas alianças, no entanto, só contribuirão para a a viabilização do nosso programa de governo se forem fortemente hegemonizadas pelos setores comprometidos com as transformações sociais, políticas e econômicas. É o que acontece no Brasil desde o primeiro governo Lula em 2003, passando pelo seu segundo mandato e pelos 18 meses de Dilma na presidência da República, onde o PT dá a linha das políticas que orientam o governo. As concessões feitas aqui e acolá, em nome da governabilidade, não contaminaram o eixo principal do nosso projeto, voltado para o combate à pobreza, o desenvolvimento social e econômico, o aumento da massa salarial, a justiça social, a soberania do país e a consolidação e o fortalecimentto de um mercado interno de massas.

2 comentários:

  1. Companheiro Bep!
    Parabéns pela lucides e precisão nos textos consisos dos quais compartilho a analise.
    Moraes
    FUP

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  2. "Originalmente escrito para outros dois artigos a ver com este."
    Amanhecer com um artigo de Tarso Genro no Blog do Altamiro Borges e mais o artigo de Mauro Santayana e este, é um chamado, ainda, que, para um soldado solitário como eu, repetindo, solitário, ainda, pois aguardo de minha de tempos remotos, casa, o chamado. Pois morrer pela pátria ou viver sem razão é sentido, mas viver sem razão quando nos traem em pátria, como se pátria traíssse e não traída, aí pátria deixa de ser razão, como o viver.
    Em outros comentários e até artigos que arrisquei, em meu semi-analfabetismo, escrever sobre o mensalão "da tentativa de golpe de estado" no Brasil e que só não aconteceu porque o Supremo Tribunal Federal e principalmente Gilmar Mendes se não me engano ainda procurador Geral da União, ou que fosse já como ministro, juntos, acordaram a tempo e impediram o impeachiment de Lula. Porque até a maioria dos petistas já haviam caído no conto do vigário do mensalão e ameaçavam se rebelar contra o governo.
    Hoje, aLguns petistas, desavisados ou influênciados por uma pequena parcela de petistas bloguistas, principalmente, que conscientemente por razões meramente pessoais, alteram os rumos desta história por outras intrigas com Gilmar Mendes. Ficam indignados e levam outros a tanto quando deixo comentário dizendo que o PT lhe deve gratidão eterna, como à todo o Supremo Tribunal Federal. E deveria agradeço-los com honrarias em nome da pátria, porque sustentaram corajosamente a democracia. Pois a rasteira havia sido dada e sorrateiramente rápida, e caso alguém não ficasse de pé logo como o STF e Gilmar Mendes, a derrubada do governo era certeira, estaria concretizada.
    Tarso Genro conta-nos duas histórias em uma, Fernando Lugo e Lula vem de um mesmo movimento. Mexer com uma elite intocável desde séculos pela primeira vez. Não se venderam e não se venderão, por isso esteve, no caso do Lula, e estará no caso de Fernando Lugo, em risco de sofrer um golpe de estado o tempo todo.
    Está na hora de aproveitar o ensejo, porque estamos em plena pressão para votar o mensalão o mais breve possível, apressadamente, para criar mais um pandemônio político no país e diminuir a força do Lula. Também, aos petistas como Tarso Genro no mesmo ensejo, humildemente deve dar início ao processo de reconhecimento e agradecimento oficializado ao STF e a Gilmar Mendes pelo impedimento do golpe de estado no Brasil com o mensalão, e o fortalecimento e garantida da democracia.
    Também não cabe a você, Tarso Genro, político de sua envergadura, se manter ocupado só com os problemas do Rio Grande do Sul. Esta aqui um exemplo prático do que falo, a falta de mais, para somar, manifestações coerentes e verídicas sobre temas como o golpe de estado no Paraguay, por um político de sua consciência e importância.
    José da Mota.

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