terça-feira, 17 de julho de 2012

A vida mansa dos "analistas" do PIG

Imaginem que maré mansa : eles são pagos para fazer análises e previsões sobre as consequências e desdobramentos de determinadas ações, decisões, escolhas e caminhos  a serem seguidos pelos atores do mundo da política e da economia, mas nem de leve são cobrados pelos seus patrões diante da sucessão de equívocos e previsões que não se confirmam. Quem leva esssa vida boa são os comentaristas do dispositivo midiático de direita que controla os meios de comunicação no Brasil. Atropelados pelos fatos, optam pelo silêncio, como se nada tivessem falado ou escrito. Melhor assim, porque nas raras vezes em que tentam explicar suas "barrigas" a emenda sai pior que o soneto.
 As articulações em torno das idas e vindas das alianças para as eleições muncipais deste ano são a mais perfeita tradução do tipo de análise política rasteira e indigente produzido pelo PIG. Diante do movimento do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, buscando se cacifar nacionalmente para voos mais altos a partir do afastamento do seu partido, o PSB,  do PT em capítais importantes como Recife, Fortaleza e Belo Horizonte,os sabichões do PIG preconizaram derrotas acachapantes do PT. "Impossível enfrentar a força e o prestígio de Eduardo Campos em Recife", decretavam. " Com seus altos índices de aprovação e o apoio do senador Aécio Neves, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, já pode ser considerado reeleito", cravavam.

Em Recife, a guerra em que se transformou a disputa no PT pela indicação do seu candidato à prefeitura, marcada por acusações de fraude nas filiações, troca de sopapos nas prévias, anulação dessas prévias, intervenção da direção nacional , afastamento dos dois candidatos e escolha de um terceiro nome, o do senador Humberto Costa, foi vista pela mídia como o sepultamento do  partido não só no município, mas também no estado. Aqui é importante reconhecer, e lamentar profundamente, a falta de civilidade e o baixo nível da disputa, que, certamente, trouxeram desgaste ao partido. Isso é uma coisa. Outra bem diferente é ignorar o histórico de realizações do PT em Recife e o prestígio de alguns dos seus quadros.

A primeira pesquisa Ibope jogou, porém, um balde de água gelada nos campeões da superficialidade e da partidarização travestidos de analistas de tendências eleitorais : Humberto Costa, do PT, disparado na frente com 40% das intenções de voto, seguido de Mendonça Filho (DEM) com 20%, do candidato do PSDB, cujo nome me escapa no momento, com 9%, e do "imbatível" Geraldo Júlio (PSB), candidato do governador Eduardo Campos,que não passou dos 5% das preferências. Seria, no entanto, um erro crasso imitar o PIG e assegurar que Costa já ganhou a eleição. Muita água ainda vai rolar debaixo da ponte, inclusive com a entrada em campo de um governador muito bem avaliado pedindo votos para seu candidato. Mas que o senador petista é o favorito não resta a menor dúvida.

Os comentaristas que se atreveram a romper o silêncio e comentar a pesquisa se enredaram numa teia de contradições. Para estes, o senador Humberto Costa se beneficia do fenômeno que os especialistas em pesquisas chamam de recall, por ter sido eleito há dois anos senador com expressiva votação concentrada em Recife. O engraçado é que ninguém diz que os índices de Serra nas pesquisas em São Paulo também são impulsionados por unm recall elevado à enésima potência, uma vez que coleciona participações em eleições majoritárias nos últimos anos. Então, ficamos combinados assim : a eleição em São Paulo, onde as pesquisas apontam 30% para Serra e 8% de Haddad, está decidida. Mas em Recife, com 40% de Costa e 5% de Geraldo Júlio, não. Piada de mau gosto.

Já em Belo Horizonte a euforia midiática provocada pelo rompimento da aliança pra lá de esquisita que unia no mesmo balaio PT, PSB e PSDB durou pouco. A única pesquisa feita depois do lançamento do ex-prefeito e ex-ministro Patrus Ananias já registra uma situação de empate técnico entre Lacerda e o candidato petista. Sem falar que a presidenta Dilma dá sinais de que entrou de sola na eleição em sua cidade natal, trazendo para o palanque de Patrus o PMDB, o PSD e o PCdoB. A expectativa é de uma eleição disputada voto a voto até o fim, e com o segundo turno antecipado para o primeiro devido à polarização imediata entre os candidatos do PT e do PSB.

Resumindo, se você quiser se manter informado sobre os humores e as tendências do eleitorado, melhor não dar bola para as análises do PIG.

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