domingo, 22 de julho de 2012

Serra a caminho da derrota em São Paulo


Os resultados da pesquisa Datafolha feita nos dias 19 e 20 de julho são animadores para todos os que como eu torcem por um ponto final na trajetória política do Serra e pela implosão de um dos mais importantes pilares tucanos: a prefeitura de São Paulo. Se o aspecto quantitativo da pesquisa já deve ter feito a tucanada da paulicéia desvairada suar frio, já que Russomano, do PRB, aparece nos calcanhares do candidato do PSDB, em situação de empate técnico, a análise da parte qualitativa do levantamento mostra que são enormes as chances de Serra viver seu calvário nessas eleições.

Primeiro vamos às intenções de voto dos candidatos que pontuaram na pesquisa, uma vez que alguns nanicos tiveram traço. A margem de erro é 3 pontos percentuais.

Serra (PSDB) - 30%
Russomano (PRB) - 26%
Haddad (PT) - 7%
Soninha Francine (PPS) - 7%
Chalita (PMDB) - 6%
Paulinho da Força (PDT) - 5%
Ana Luiza (PSTU) -1%
Giannazi (PSOL) - 1%
Levy (PRTB) - 1%

Comentário : Em relação à evolução dos candidatos tendo como base a última amostra do Datafolha, só merece registro o avanço de Russomano. Os demais praticamente se mantiveram onde estavam, oscilando apenas um ponto para cima ou para baixo. Mas Russomano, embalado pela forte exposição que obtinha até o início do mês, quando teve que se afastar em razão da legislação eleitoral, no programa Balanço Geral, da TV Record, no qual apresentava o quadro Patrulha do Consumidor, só tem crescido : 16% em dezembro de 2011, 17% na primeira pesquisa de 2012, 19% em março, 21% no começo de junho, 24% no fim de junho e, finalmente, 26% agora.

Rejeição :

Serra - 37%
Paulinho - 21%
Soninha - 19%
Russomano -12%
Haddad - 12%
Chalita - 8%

Comentário : O balanço das taxas de  rejeição ao longo da campanha não poderia ser mais desfavorável a Serra. Primeiro porque ele lidera com folga esse quesito desde que se lançou candidato. Depois porque foi o único que viu sua rejeição aumentar, de 32% para 37%, da última pesquisa, no fim de junho, para a atual.  Reparem como são baixos os índices de rejeição de seus principais adversários, Russomano, Haddad e Chalita. Outro detalhe interessante é como são proporcionalmente altas em relação às suas baixas intenções de voto as rejeições à Soninha do PPS (satélite de Serra) e Paulinho da Força (candidatura híbrida e gelatinosa, pois seu partido, o PDT, apoia Alckimin em São Paulo e é da base aliada de Dilma, no plano federal). Não podemos esquecer que uma rejeição elevada limita o espaço de crescimento do candidato. Não custa repetir o quanto é direta e objetiva a pergunta feita pelos institutos para aferir a rejeição : em quem você não votaria de jeito nenhum ? Vale observar que é possível reduzir taxas de rejeição no decorrer da campanha. Contudo, essa empreitada é vista por  analistas de pesquisas e marqueteiros como das mais difíceis.

Conhecimento dos candidatos pelo eleitorado :

Serra - 99%
Russomano - 94%
Paulinho - 85%
Soninha - 79%
Chalita - 60%
Haddad - 55%

Comentário : Ex-prefeito, ex-governador, ex-senador, ex-deputado e candidato derrotado à presidência da República duas vezes, Serra é conhecido por praticamente todos os eleitores paulistanos. Esse dado, combinado com sua forte rejeição, aponta para um cenário de sérios obstáculos para seu crecimento. É que o conjunto do eleitorado já formou juízo a seu respeito, para o bem ou para o mal. Haddad e Chalita, pela razão inversa, são os que têm mais espaço para avançar nas pesquisas, à medida em que forem se tornando mais conhecidos.Para eles, o horário eleitoral no rádio e na TV será decisivo.

Potencial de transferência de voto dos apoiadores :

Lula : 40% votariam com certeza se Lula pedisse; 20% talvez votem se o ex-presidente recomendar; 40% não se sensibilizariam com o apelo de Lula.

Dilma - Levando em conta as mesma varáveis acima, na mesma ordem : 33, 27 e 40.

Alckimin - 27, 27, 46.

Kassab - 11,17,72.

Maluf - 11,12,77.

Comentário : Os números mostram que a eleição não está perdida para Haddad. Se a força e o prestígio na capital paulista de Lula e Dilma forem usados com competência nos programas eleitorais de Haddad na TV, ele tem tudo para subir. Embora o potencial de transferência de votos do governador Alckmin oscile entre o razoável e o bom, gente que acompanha os meandros da política de São Paulo garante que ele não se empenhará na campanha da forma que o PSDB serrista espera, ávido por se vingar da traição de Serra em 2008, que apoiou a reeleição de Kassab e o abandonou à própria sorte. O episódio recente da indicação do vice de Serra afastou ainda mais os dois tucanos de alta plumagem. Outro recado do eleitor é que Kassab e Maluf devem passar a léguas de distância dos comitês de Serra e Haddad, respectivamente. Para o eleitor paulistano, Kassab e Maluf são dois palavrões.

Conclusão : Serra não escapa de um segundo turno, no qual em qualquer cenário vai purgar todos seus pecados.Ressalvando a constatação óbvia de que está longe de ser automática a transferência de votos dos  candidatos derrotados em primeiro turno para os dois finalistas, é fácil perceber que a frente a ser formada contra Serra no segundo turno concentra densidade eleitoral bem mais expressiva do que os apoios que o tucano será capaz de reunir. Provavelmente teremos Russomano + Haddad + Chalita + 50% de Paulinho, contra Serra + Soninha Laranja + 50% de Paulinho. Sem falar que são concretas as chances de Serra chegar ao segundo turno amargando um segundo lugar, podendo ser ultrapassado por Russomano a qualquer momento. Vale lembrar que o partido de Russomano, o PRB, foi fundado pelo saudoso vice-presidente José Alencar, e hoje está firme na base da presidenta Dilma, ocupando o Ministério da Pesca através de Marcelo Crivela. Portanto, não há hipótese de Russomano marchar com Serra, na eventualidade de Haddad decolar a ponto de tirar-lhe a vaga no segundo turno.

Aliás, a espada estará apontada definitivamente para o pescoço do candidato do PT logo na primeira quinzena da propaganda eleitoral na TV, que começa em 21 de agosto : ou cresce nas pesquisas ou será pulverizado pelo fenômeno do voto últil, com o eleitor antisserista e antitucano descarregando votos em Russomano.Também é urgente resolver o problema da ausência da ex-prefeita Marta Suplicy, que vem fazendo muita falta, especialmente nas áreas populares.

Por fim, um palpite : Serra vai perder essa eleição e eu tomarei um porre de felicidade.

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