quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A "venezuelafobia"

Merece uma investigação clínica a forma doentia como a direita midiática trata o presidente venezuelano Hugo Chávez. O histerismo diante do ingresso da Venezuela no Mercosul é o mais recente sintoma do mal incurável da intolerância que grassa entre colunistas, articulistas e editorialistas do PIG. Essa patologia conservadora se disseminou, é óbvio, entre os demotucanos na Câmara e no Senado e na cúpula dirigente do PSDB e DEM. A palavra mágica para entender por que o líder bolivariano desperta tanto ódio tem nove letras e sempre soou como um palavrão para a Casa Grande latino-americana : soberania. Os neoliberais e golpístas  nunca se conformaram com os projetos democrático-populares em curso no continente, fundados na soberania popular e nacional, com nítidos e consistentes avanços nas políticas de integração.
Ao contrário do que preconizavam as aves de mau agouro da região, o câncer não matou Chávez e ele caminha para mais uma vitória consagradora em outubro nas presidenciais venezuelanas. Tirante alguns pontos do sisitema eleitoral venezuelano que merecem ser alvo de críticas, como a possiblidade de reeleições praticamente indefinidas, e a pouca transparência no enfoque de alguns assuntos de interesse público - a exemplo da doença do presidente -, todas as acusasões da grende mídia continental à falta de democracia na Venezuela, bem como à vocação ditatorial de Chávez não resistem a um sopro de realidade. Senão vejamos: :
Eleições - Nenhum chefe de Estado e líder político contemporâneo ao redor do planeta se submeteu tanto ao veredicto das urnas ao longo dos seus mandatos como o presidente venezuelano. Fora as eleições ordinárias para a presidência do país, prefeituras, departamentos ( como eles chamam os estados) e parlamento, sob a batuta de Chavez foram convocados plebiscitos e referendos para aprovar a Constituição e apontar rumos institucionais para o país.

Liberdade de expressão - Ao contrário das mentiras alardeadas sistematicamente pela mídia, na Venezuela vigora a mais ampla liberdade de expressão. Praticamente em uníssono os meios de comunicação atacam o líder venezuelano dia e noite, com destaque especial para as emissoras de televisão. Os depoimentos de muitos que visitam o país dão conta de uma propaganda antichavista maciça e manipuladora nos canais de TV. O conteúdo é tão partidarizado que há relatos de editorialização até nos comerciais. Nem de longe existe censura à atuação da mídia na Venezuela.

Cassação de concessão - A emissora de TV que não teve sua concessão renovada pelo governo há alguns anos, gerando duros protestos de suas co-irmãs do continente, foi exatamente a que esteve à frente do golpe de Estado contra o presidente em 2002. A decisão do governo bolivariano foi  criticada e considerada radical até mesmo por setores do campo progressista da América do Sul. Tudo bem, mas quero chamar a atenção para um ponto desse debate : qual seria a sanção justa para uma concessão pública que rasga e constituição do país, viola todas as regras democráticas e patrocina golpes contra governos eleitos democraticamente ?

Dias desses assisti um vídeo com uma mensagem de apoio do ex-presidente Lula à reeleição do presidente Chávez. Com sua notória sabedoria política, Lula enalteceu o processo de integração latino-americana, apontando como seu grande mérito a capacidade de buscar a unidade na diversidade. É isso. Desde que não afronte o regime democrático como fez o senado paraguaio no episódio da cassação do presidente Lugo, o princípio da não ingerência nos assuntos internos de outros países, mola-mestra da diplomacia brasileira, deve dar o tom na relação entre as nações. Cada um segue seu caminho, faz suas escolhas. O governo bolivariano de Chávez pratica mais a democracia direta, fortalecendo mecanismos de consulta popular. O modelo brasileiro é mais centrado nas instituições. E daí ? O importante é que ambos (juntamente com seus vizinhos) vêm dando passos largos para a erradicação da pobreza e investindo decididamente nas transformações sociais e na tão sonhada plena integração da América do Sul.

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