sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Julgamento do mensalão é um circo midiático; uma palhaçada

Se um marciano desembarcasse por estas plagas nestes dias de agosto, teria dificuldades para entender a coerência, a noção de justiça e de equidade da Corte Suprema de um país que, "com a faca no pescoço", se rende às imposições do monopólio midiático e permite que um julgamento da natureza do mensalão coincida com as eleições municipais.O extraterrestre ficaria aturdido também com a informação de que o mensalão tucano, embora mais antigo seis anos que o petista, dorme nos escaninhos do STF, caminhando para a prescrição. Quando por fim o alienígena  soubesse que o mensalão do PSDB foi devidamente desmembrado, sendo remetido às instâncias inferiores da Justiça, o que foi negado aos réus da Ação Penal 470, concluíria que a justiça deste país não pode ser levada a sério.

Escrevo este post depois de tomar conhecimento de que o relator do mensalão acaba de votar pela condenação do publicitário Marcos Valério e do deputado João Paulo Cunha, pegando pesado em relação ao enquadramento de ambos nos crimes de corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, peculato. Nenhuma surpresa. Desde que relatou a aceitação da denúncia, em 2007, o ministro Barbosa já dava mostras de que vestira sua toga não para julgar, mas para condenar antecipadamente.

Cinco anos depois, entre um cochilo ou outro durante as sustentações orais dos advogados de defesa e seguidas ausências do plenário, o ministro dá mostras cabais da sua adesão antecipada à tese da cumpabilidade dos reús. Aposto que, a partir da próxima segunda-feira, quando os trabalhos serão retomados, Barbosa vai seguir na toada de distribuir condenações a torto e a direito.

Esse tipo de voto - de costas para os autos do processo - dá bem a medida do nível de partidarização das nossas instituições republicanas. O problema do ministro Barbosa é o mesmo do procurador-geral, o inquisitor-mor Roberto Gurgel. Até mesmo um leigo em direito como eu, que se vale apenas de curiosidade, interesse político e senso de observação, percebe com facilidade que os advogados de defesa desmontaram uma a uma a maioria esmagadora das acusações fantasiosas do sósia do Jô Soares, frontalmente desmentidas pelas 600 testemunhas arroladas no processo.

Digo que o julgamento é um circo midático porque a imprensa gasta florestas de papel para tentar alçar à condição de "maior escândalo de corrupção da história do Brasil" um caso clássico de caixa 2, que, diga-se de passagem ,deve estar sendo praticada neste momento por todos os candidatos a vereador e a prefeito espalhados pelo país;

 Digo que o julgamento é uma palhaçada porque queima etapas para que o mesmo aconteça na vigência ds presidência de um dos ministros e para que outro siga para a aposentadoria com a "consciência tranquila" de ter condenado os reús;

 Digo que o julgamengo é um circo midiático porque o esterco jornalístico brasileiro liquida um dos pilares básicos do Estado de direito, a presunção da inocência, martelando na cabeça das pessoas dia e noite que é a hora punir os impuros do PT, preservando as vestais imaculadas da direita;

 Digo que o julgamento é uma palhaçada porque depois de terem negado o desmembramento do processo de goleada, 9 x 2, suas excelências resolveram remeter um dos casos à justiça de primeiro grau;

 Digo que o julgamento é um circo midiático porque um laudo do instituto de criminalística inocentando o ex-ministro Luis Guiscken foi solenemente ignorado pelo procurador-geral.

Digo que o julgamento é um circo midático porque o STF não é nem nunca foi especializado em matéria penal. Seus ministros não têm trajetória nem traquejo nessa área do direito. Ao Supremo cabe a interpretação e a aplicação do que reza a Constituição brasileira.







4 comentários:

  1. Enfim alguém que está vendo o que está acontecendo e não apenas repetindo o que a imprensa inventou, sem um mínimo de senso crítico.

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  2. Parabéns. Já estava começando a acreditar que eu era um ET, pelo visto, somos dois.

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  3. Parabéns. Já estava começando a acreditar que eu era um ET, pelo visto, somos dois.

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  4. Meu amigo realmente eles deixam as coisas bem claras, da maneira que os brasileiros gostam; de assister "Novelas". Realmente tudo entre amigos.

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