domingo, 26 de agosto de 2012

Mensalão : o gato comeu a compra de votos fajuta

Nada me indigna mais no consórcio midiático demotucano do que a total falta de responsabilidade com o que fala ou escreve. Desmentidos cabalmente pelos fatos em cada curva, o padrão de comportamento adotado é o silêncio. Só que um tipo de silêncio muito singular, uma espécie de mudez estridente. Decorridos quase 30 dias do início do julgamento do mensalão, todos os colunistas e analistas políticos do PIG já cuidam de salvar sua peles jogando uma pá de cal sobre a verdadeira razão de ser da Ação Penal 470 : a acusação de que o PT e o governo compraram votos no Congresso Nacional para aprovar projetos de seu interesse. Como mentira tem pena curta, no caso curtíssima, bastou um advogado dos reús confrontar votações do Congresso e seus respectivos resultados com os votos favoráveis de governistas e oposicionistas para que os defensores não de um julgamento, mas de um pelotão de fuzilamento, abondonassem essa tese em nome de uma outra ainda mais golpista e inconstitucional : a apelação para ilações, conjecturas e factóides fora dos autos, portanto fora do processo e do foco de atuação dos julgadores.

Reparem que o objeto do julgamento já é outro .Depois que o ministro Lewandowsk deu um voto corajoso, independente e fundado principalmente na ausência de provas apresentadas pelo Ministério Público Federal e na inconsistência do voto do relator Joaquim Barbosa, o que se percebe no noticiário distorcido da grande mídia é uma tentativa de forçar  a mão e pressionar os juízes para que desprezem os autos e se pautem por "evidências". Ou seja, a céu aberto pregam  uma aberração processual divorciada do conjunto probatório presente na Ação Penal 470.

 No fundo, começa a bater o desespero nessa gente. Como o deputado João Paulo Cunha, Marcos Valério e seus sócios foram absolvidos pelo ministro revisor, são boas as chances de que prevaleça o respeito à regra constitucional segundo a qual só vale o que consta nos autos do processo, cuja instrução contou com depoimentos de mais de 600 testemunhas.Neste momento o que tira o sono do PIG é a constatação de que o voto de Lewandowsk abre uma grande possibilidade para que o chamado "núcleo político do esquema do mensalão" seja absolvido.

Não pensem vocês que o destino de Marcos Valério,  de seus sócios e dirigentes do Banco Rural e do BMG, de Duda Mendonça, Henrique Pizolatto ou  Roberto Jéferson signifique alguma coisa para a imprensa. Derrotada tantas vezes eleitoral e politicamente pelo PT desde 2002, a obsessão dos Marinho, Frias, Civita e Mesquita é sangrar o PT com a condenação de figuras de proa do partido, tais como Delúbio, Genoíno, João Paulo, Luiz Gushiken (absolvido pelo relator e pelo revisor) e, especialmente, José Dirceu, a quem dedicam um ódio visceral por tudo que ele representa.

Por isso, não param de pipocar contrabandos de última hora para inculpar Dirceu. O voto do ministro Levandowsk mostrou que nem todos os ministros do STF estão dispostos a se render às facas de Brutos apontadas para os seus pescoços, como diria Paulo Henrique Amorim. Assim, o mais novo petardo no vale tudo contra Dirceu é um apartamento que a sua ex-esposa teria comprado com financiamento do BMG, um dos bancos acusados de ter financiado o mensalão. Pouca importa, inclusive, que isso jamais tenha aparecido nos autos do processo.

"E se os caras que satanizamos por longo sete anos forem absolvidos, como ficamos ?"
"E se a última carta contra o PT der em nada. Aí vamos ter que aturar a eleição de seus presidentes e presidentas em mais quantas eleições?"
"E se os criminosos pré-julgados por nós, mas absolvidos pela justiça, continuarem tendo influência na política do país? Vai que  Dirceu, fortalecido pelo veredicto, jogue peso na luta pela democratização das comunicações"

Não tenhamos dúvidas de que essas perguntas agustiantes martelam a cabeça de Merval Prereira, Míriam Leitão, Sardemberg, Eliane Catanhede, Ricardo Noblat, Reinado Azevedo, Policarpo Júnior, Wiliam Bonner, Dora Kramer, Fernando Rodrigues, Josias de Souza  e tantos outros serviçais do PIG.

O dever de casa deles agora é apostar suas fichas num malabarismo retórico, jurídico e mistificador para provar que dinheiro público abasteceu o mensalão. É assim : até agora dois ministros consideraram que no caso Visanet/Banco do Brasil/Pizolatto (especificamente nesse caso) houve dinheiro público envolvido, uma vez que tanto para o relator como para o revisor o Banco do Brasil Investimentos, braço do BB, é acionista minoritário (30%) do Visanet. A tese, discutível juridicamente, foi o suficiente para a grande mídia despejar sobre seus leitores e  telespectadores a conclusão distorcida de que toda a dinheirama do "valerioduto" teve origem no erário público.

Esquecem que logo serão atropelados pelos fatos. Ou o STF não terá que apreciar em breve os empréstimos do bancos privados Rural e BMG, tomados pelo PT para pagar dívidas de campanha suas e de partidosaliados, num caso típico de caixa dois ? A propósito, com o sistema eleitoral vigente no Brasil, quantos candidatos a vereador e a prefeito devem estar lançando mão neste momento dos chamados recursos não contabilizados ? Acertou quem repondeu que quase todos os políticos, de todos os partidos, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, aceitam as chamadas contribuições por fora. Só o  financiamento público será capaz de pôr um ponto final nisso.




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