segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Um partido que paga para apanhar

"Passei toda a minha vida lutando contra o machismo, mas não tenho nada contra a macheza. Não é possível que não tenha um parlamentar do PT para, em nome do Lula, chamar para o pau fora do Congresso esses caras que ameaçam dar uma surra no presidente", exasperava-se a saudosa Heloneida Studart diante das bravatas de ACM Neto, deputado do DEM, e Arthur Virgílio, então senador tucano.Se ainda estivesse entre nós, a doce mas aguerida Helô arrancaria os cabelos diante da omissão das lideranças do PT na defesa do legado, do patrimônio político e da história do partido.Dia desses ouvi um comentário sintomático de uma pessoa em frente a uma banca de jornal : "Isso tudo que falam do PT deve ser verdade, se não fosse o partido não ficaria tão calado, afinal, quem cala consente." Esse cidadão decerto não sabe que mais do que não responder com a contundência e o vigor necessários o governo do PT paga para apanhar.

É isso mesmo. O bombardeio midiático sem escrúpulos contra o partido é financiado pelo governo. Explico: segundo dados divulgados pela própria Secom ( Secretaria de Comunicação da Presidência da Repúbica), 70% de toda a verba publicitária da administração direta e das empresas estatais foram abocanhados pelos dez maiores grupos de comunicação do país, cabendo às Organizações Globo nada menos que 30% dessa bolada.

A propósito, esses números expõem um alarmante retrocesso em relação à política de desconcentração do bolo publicitário tocada pelo ex-ministro Frankilin Martins, que destinava recursos também para jornais, rádios e emissoras de tevê regionais e do interior do país.

E o pior é que não há no horizonte sinais de mudanças. A contrário, a julgar pelas declarações da ministra da Secretaria de Comunicações, Helena Chagas, o PIG vai se empaturrar de dinheiro cada vez mais. " Não há problema algum nisso. Ganha mais quem tem mais audiência e leitores", diz Helena Chagas.

É por essas e por muitas outras que o jornalista Rodrigo Vianna , do blog Escrvinhador, sintetiza o que é a Secom no governo Dilma com rara sagacidade: "O setor de comunicação do governo Dilma se divide entre os que têm medo da Veja e do Globo e os que pretendem trabalhar na Veja e no Globo quando deixarem o governo."

Até hoje, quando caminhamos para a metade do mandato da presidenta Dilma, ainda jaz no fundo da gaveta do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o elogiado projeto de novo marco regulatório das comunicações no Brasil, elaborado por Fankilin Martins depois de um périplo por um punhado de países para conhecer suas experiências. Bernardo, reconheça-se, se limita a seguir à risca a equivocada e inútil política de distensão da presidenta Dilma com os barões da mídia.

Antes de escrever este post, pensei em listar um sem número de episódios reveladores da frouxidão e da anomia do PT ante a tantos ataques infames. Mas, para não cansá-los, resolvi me fixar no último deles. A Veja, coerente com seus métodos criminosos (Cachoeira que o dia), acusa o ex-presidente Lula de ser o chefe do mensalão, com base em conversas fabricadas de Marcos Valério com amigos dos amigos e parentes dos parentes. Ou seja, uma fraude grosseira de cabo a rabo.

O PT estava com a faca e o quejo na mão para, já na segunda-feira posterior ao final de semana em que a revista começou a circular, convocar uma entrevista coletiva em Brasília, reunindo seus principais líderes na Câmara e no Senado, seus governadores, prefeitos e dirigentes e demais figuras públicas para não só desagravar o Lula, mas para dizer com todas as letras para o país a que interesses sórdidos serve o antijornalismo de esgoto de Veja e congêneres.

Seria uma oportunidade de ouro também para denunciar de forma articulada e ofical o não desmembramento do processo do mensalão, o engavetamento do mensalão mineiro, embora seja mais antigo, a coincidência absurda do julgamento com as eleições municipais e a liquidação por parte do STF de garantias connstitucionais caras à democracia.

Em vez disso, a Executiva do partido solta uma nota conclamando os militantes do partido para a "batalha eleitoral", não mecionando uma vez sequer o papel central da mídia na campanha de desconstrução do partido e para manchar sua história. Depois, superatrasada e já com o estrago feito, vem a nota dos partidos da base aliada, com mais conteúdo político, mas ainda assim cometendo o pecado de apontar os partidos de oposição, sem projetos e sem rumo, como pontas de lança de golpe, tocando apenas tangencialmente nos verdadeiro protagonista do jogo sujo e rasteiro : o PIG.

Assim fica difícil.








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