quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Novo marco regulatório da mídia : é agora ou nunca

Tudo bem que o PT enfrentou e derrotou nas urnas o consórcio formado pela mídia, oposição e Judiciário, responsável pela maior campanha de linchamento de um partido político que se tem notícia no Brasil; tudo bem que o PT foi o partido mais votado no primeiro e no segundo turno das eleições municipais; tudo bem que o partido elegeu o maior número de prefeitos nas cidades com mais de 200 mil eleitores; tudo bem que a quantidade de prefeitos e vereadores do PT não pare de crescer desde a fundação do partido. Contudo, o PT cometerá um grave erro histórico se não recolher as lições necessárias desse enfrentamento com a elite retrógada brasileira. Assumir para valer, com determinação, entusiasmo e vontade política a bandeira de uma Ley de Medios à brasileira seria, além de um passo enorme rumo à consolidação de um regime efetivamente democático no Brasil, uma demonstração de respeito aos seus milhares de militantes espalhados pelo país, tão ofendidos nas ruas, avenidas e praças durante a batalha eleitoral.


Ao fim e ao cabo quem segura o tranco, quem paga o pato pelos ataques midiáticos e pela sórdida campanha de cirminalização do partido são seus abnegados militantes, aqueles que vestem a camisa e empunham a bandeira vermelha nas ruas. Esses têm que aturar toda a sorte de provocações e agressões verbais, que partem quase sempre daquele estrato mais conservador da classe média, cuja opinião política é formada pelos jornalões, pela Globo e por Veja.

 Muitas vezes entregues à própria sorte, abandonados pelas direções, lideranças e figuras públicas do PT, a miltância continua sendo o que há de melhor no partido. Mesmo sem entender os motivos que levam a cúpula do partido a não responder à altura aos seguidos ataques infames e a não usar os instrumentos institucionais de que dispõe para defender a imagem, a história e as realizações do partido, optando por uma postura excessivamente moderada, e até covarde, os petistas de base ainda fazem a diferença. São eles que assistem à edição mais partidarizada e repugnante do Jornal Nacional, na qual o PT foi espancado por 18 minutos, e no outro dia bem cedo já estão nas portas de fábrica pedindo voto para os candidatos do partido.

Neste momento, no campo da esquerda democrática, cometerá um monumental esquívoco político quem não entender que a luta pela democratização dos meios de comunicação no Brasil deve ser alçada à condição de prioridade absoluta. Não há mais espaços para políticas ingênuas de distensão com a mídia golpista (como a que vem sendo tocada pela presidenta Dilma e que decerto incentivou o ministro Paulo Bernardo a "sentar em cima" do projeto de regulação do ex-ministro Frankilin Martins) e nem para tergiversações de todo tipo por parte de governistas que morrem de medo da Veja e da Globo.

Depois de tudo que vimos e ouvimos nos últimos meses, nos quais a campanha eleitoral foi o tempo todo contaminada pelo circo midiático do julgamento do mensalão, tudo feito sob encomenda para tentar destruir o PT, não temos mais direito à acomodação. Aos lutadores sociais e miltantes da esquerda cabe a tarefa de fortalecer as iniciativas da sociedade voltadas para a democratização das comunicações, prestigiando suas reuniões e engrossando as atividades por elas organizadas. A pressão tem que chegar aos parlamentares, prefeitos e governadores, ministros e à presidenta da República.

O exemplo da Ley de Medios argentina, que entra em vigor na sua plenitude dia 7 de dezembro queira o Clarín ou não, está aí a nos iluminar. A velha mídia, cínica e calhorda como sempre, vai continuar na toada de enxergar tentativa de censura em quaisquer propostas de regulação democrática. Propositalmente fazem vistas grossas à realidade de países como Estados Unidos, Inglaterra, França, Dinamarca e tantos outros, nos quais é proibida a propriedade cruzada dos meios e o espectro eletromagnético é dividido democraticamente entre o setor público, a sociedade civil e a iniciativa privada.


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