Por Altamiro Borges, no Blog do Miro
No dia 22 de janeiro de 2011, a PM de São Paulo investiu com fúria
contra os moradores do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). Bombas
de gás, tiros e pancadaria para expulsar as famílias que ocupavam a área
há vários anos. Tudo para defender os interesses do agiota Naji Nahas. A
ordem partiu diretamente do tucano Geraldo Alckmin. A repercussão das
cenas de violência foi imensa. O PSDB perdeu a prefeitura da cidade e o
governador foi forçado a fazer inúmeras promessas para os moradores do
Pinheirinho.
Passado um ano, porém, nada foi cumprido. Reportagem de Willian
Cardoso, no jornal Estadão de ontem, mostra que o terreno está
abandonado e que as 1,5 mil famílias expulsas do Pinheirinho
estão abandonadas.
“Hoje, a área tem apenas mato, cercas e seguranças
privados espalhados para evitar nova invasão – a calçada do lado de fora
virou uma minicracolândia. O terreno foi devolvido à massa falida da
empresa Selecta, do investidor Naji Nahas, como ordenou a juíza Márcia
Faria Mathey Loureiro”.
Apesar de o jornalão conservador insistir em chamar os ocupantes de
“invasores” e o agiota de “investidor”, a reportagem comprova o absurdo
de uma das maiores operações de reintegração de posse no país, que
mobilizou mais de 2 mil policiais babando sangue. De um lado, o terreno
abandonado, servindo à especulação imobiliária. Do outro, as famílias
descartadas pelo poder público. A reportagem apresenta alguns relatos
das vítimas da ação truculenta do governador tucano Geraldo Alckmin.
“Entre elas, a do cabeleireiro Jaime Rocha do Prado, 62 anos,
ex-coordenador da capela que havia no local. Sem casa e sem emprego –
ele perdeu o salão dentro Pinheirinho -, Prado dormiu com a mulher e os
filhos no chão da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que recebeu
parte dos desabrigados. E ainda sofre com as lembranças. ‘Muitas pessoas
tiveram crises de ansiedade e depressão. Eu mesmo engordei 10 quilos’”,
relata o jornalista.
O governo estadual não cumpriu a promessa de realocar os moradores
expulsos. Algumas famílias recebem auxílio-aluguel de R$ 500, “mas o
valor dos imóveis dobrou de preço nos bairros próximos ao Pinheirinho.
Muitos partiram para áreas de risco, vivendo em casas abandonadas no Rio
Comprido. Outros optaram pela zona rural, como a diarista Ana Paula
Pardo da Silva, de 35 anos. Ela se mudou para uma chácara com os quatro
filhos e o marido, Kleverton dos Santos, de 38 anos, que perdeu o
emprego de carpinteiro ao descobrirem que era ex-morador do Pinheirinho.
‘Tem muito preconceito. Ele tinha carteira assinada e tudo’”.
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