quarta-feira, 8 de maio de 2013

O luto da turma que tira o sapato quando entra nos EUA

O protagonismo conquistado, de 2003 para cá, pela diplomacia brasileira na cena mundial desperta entre os conservadores brasileiros uma inveja de dar dó. Pudera. O reconhecimento do Brasil como ator importante nas relações internacionais só se tornou possível depois que um metalúrgico liderou uma guinada de 180 graus na linha de atuação do Itamaraty. Do alinhamento automático e da subserviência aos EUA e a Europa à prioridade para a integração latino-americana e às relações sul-sul; do conformismo com um papel secundário nos organismos internacionais à aposta nos BRICS; dos discursos empolados mas vazios de FHC nas suas visitas aos países ricos ao ingresso no G20 e ao brilho na Conferência de Copenhagen;  do episódio patético e humilhante estrelado pelo chanceler do governo tucano, Celso Laffer, que tirou os sapatos ao pisar em território norte-americano, à eleição, nesta terça (7), do embaixador Roberto Azevêdo para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio, a política externa do Brasil se transformou em motivo de orgulho para o nosso povo.

Cabe destacar uma frase emblemática do compositor Chico Buarque de Holanda, dita em 2010 durante ato de apoio de intelectuais e artistas, no Rio de Janeiro, à então candidata Dilma Rousseff. Preciso ao comparar as políticas externas tucana e petista, Chico bradou : " Não podemos permitir a volta de uma política que fala grosso com a Bolívia, mas fala fino com Washington." Essa reflexão do genial artista brasileiro expõe  em pouquíssimas palavras o fosso que separa a diplomacia de FHC da que foi implementada por Lula e continuada pelo governo Dilma, com o ministro Antonio Patriota à frente.

A reviravolta contou com a contribuição decisiva de um dos melhores quadros do Iatamaraty, o embaixador Samuel Pinheiro, que na secretaria-geral do Ministério das  Relações Exteriores concebeu, junto com o chanceler dos oito anos do governo Lula, Celso Amorim, as bases políticas, estratégicas e ideológicas que deram curso à nova inserção soberana do Brasil no mundo.Enquanto a mídia colonizada e golpista, saudosa da bajulação de outrora aos países poderosos, atacava sem tréguas a guinada diplomática do Brasil, o presidente Lula e o ministro Amorim viajavam e conquistavam novos mercados na Ásia e na África, davam outra musculatura ao Mercosul e erguiam a Unasul.

Tudo isso sem deixar de lado a defesa dos interesses brasileiros junto aos países centrais do capitalismo. Só que negociando com altivez, falando de igual para igual e se fazendo respeitar. Essa presença pró-ativa da diplomacia brasileira se fez sentir na  ampliação das cotas dos países em desenvolvimento no FMI, na luta por mudanças de rumo e na direção do Banco Mundial, no avanço da campanha pela inclusão do Brasil entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, na chefia de missões de paz em nome da ONU, como no Haiti.

Não demorou para o Brasil assumir responsabilidades até então inéditas na costura de acordos internacionais de suma importância, a exemplo da proposta costurada pelas diplomacias brasileira e turca, para tentar pôr fim à tensão do Ocidente com o Irã, devido ao refinamento de urânio por parte do país persa. Infelizmente, os países membros do Conselho de Segurança da ONU, liderados pelos EUA, não tiveram grandeza nem visão suficientes para apoiar os termos do acordo, optando por boicotá-lo, a despeito do agravamento da turbulência na região.

Mas o Brasil também obteve vitórias dignas de nota, tais como a eleição de José Graziano, ex-ministro responsável pela combate à fome no governo Lula, para a FAO, o orgão das Nações Unidas que cuida  de políticas voltadas para os famintos deste mundo. Em outros episódios, o Brasil demonstrou firmeza e compromisso democrático. Em Honduras, deu asilo na embaixada brasileira ao presidente deposto e não reconheceu o governo golpista. No caso do golpe no Paraguai, não só denunciou energicamente a deposição de Fernando Lugo como liderou a exclusão do país do Mercosul. Quando a Bolívia, exercendo um direito soberano, nacionalizou uma refinaria da Petrobras, o presidente Lula ignorou os apelos insanos do PIG para que invadisse o país vizinho e negociou, fraternalmente, até chegar a um acordo.

O dado concreto é que pelos próximos quatro anos, no mínimo, o Brasil terá papel de extremo relevo nas tratativas globais sobre transações comerciais e na arbitragem dos conflitos entre os 157 países integrantes da OMC. Parabéns ao governo brasileiro.












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