A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) considera um grande equívoco a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros em mais 0,5%, tomada no mesmo dia do anúncio do crescimento pífio de 0,6% do PIB no primeiro trimestre, e condena com veemência o verdadeiro terrorismo que o mercado financeiro vem exercendo sobre o Banco Central para que encampe seus interesses.
"A elevação da Selic pela segunda vez consecutiva no ano é um desastre do ponto de vista econômico e social. Não existe a ameaça de descontrole inflacionário e vai frear ainda mais o ritmo do crescimento econômico, a expansão do crédito, o fortalecimento da produção e do consumo e a geração de empregos", critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "O Copom mais uma vez cedeu à chantagem dos rentistas e especuladores do mercado financeiro, os únicos que ganham com essa decisão."
Na avaliação de Cordeiro, "ao contrário do que
induz a campanha terrorista do mercado financeiro, a inflação não está fora de
controle. Desde 2004 as taxas inflacionárias vêm se mantendo dentro do sistema
de metas e não há agora nenhum excesso de demanda. Ao contrário, todos os
indicadores apontam para a redução do consumo das famílias".
A inflação brasileira continua acima do centro da
meta, segundo o presidente da Contraf-CUT, em razão de uma série de outros
fatores, entre eles a alta dos preços de produtos agrícolas no mercado
internacional, a indexação dos contratos administrados como aluguéis e energia
e as tarifas públicas.
"Como não há excesso de demanda, aumentar os
juros não resolve o problema da inflação. Só vai contribuir para o Brasil
crescer menos, gerar menos emprego, aumentar o ganho dos rentistas e aprofundar
a concentração de renda no país, que já é um dos 12 mais desiguais do planeta,
apesar de ser a sexta maior economia mundial. O Brasil precisa de juros menores
para transformar crescimento em desenvolvimento econômico", afirma Carlos
Cordeiro.
A Contraf-CUT defende alteração na missão do Banco
Central, que deve, além das metas de inflação, definir também metas sociais
como a geração de emprego e renda e a redução das desigualdades sociais.
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