quinta-feira, 18 de julho de 2013

No Rio, coxinhas e bandidos mascarados desafiam a democracia

Passou de todos os limites civilizatórios o cerco à casa do governador Sérgio Cabral. Em vez de propor alternativas democráticas para a insatisfação com a gestão do governador, o grupo, formado em sua grande maioria por coxinhas, mauriçolas, patricinhas e bandidos fascistas mascarados, investe na radicalização irracional, no golpismo mais escrachado e na violência. Quero ver agora a cara da classe média escravocrata do Leblon, que apoia as manifestações e defende como saída bizarra para o impasse a expulsão do governador do bairro, depois que a bandidagem tocou o terror na região do metro quadrado mais caro do país, destruindo lojas de grife, agências bancárias, sinais de trânsito e pontos de ônibus.

A mim esses coxinhas travestidos de revolucionários não enganam. Se quisessem mesmo uma CPI para apurar o uso indevido de helicóptero por parte do governador, estariam pressionando, democraticamente, os deputados estaduais para instalá-la. Se estivessem indignados de fato com o transporte precário, com as mazelas da saúde, com os gastos com a Copa do Mundo, com a privatização do Maracanã, etc, estariam se organizando para cobrar, efetivamente, das autoridades soluções para os problemas através da legítima pressão democrática e utilizando os canais institucionais conquistados à custa de muito sangue pelo povo brasileiro.

Existe inclusive ambiente político propício para questionar e reverter várias políticas do governo estadual e da prefeitura do Rio lesivas ao interesse público. A subserviência do governo de Cabral às concessionárias Barcas S/A, Metrô-Rio e SuperVia, cujos péssimos serviços prestados à população foram recompensados com mais 25 anos de contrato, é uma delas. A entrega do Maracanã a um consórcio privado pela bagatela de R$ 125 milhões ao longo de 35 anos, quando o estado gastou R$ 1 bi para reformá-lo, é outra. O conluio  entre o poder público e a máfia dos empresários de ônibus também.

Mas não é possível que os guerrilheiros da geração todinho não saibam, na sua porra louquice de pedir o impeachment do governador, que em caso de saída de Cabral quem assume é o seu vice. Só que em inúmeros cartazes eles clamam "Fora Pezão", ou "Não votem nos candidatos do Sérgio Cabral". Ora, até o açaí que eles consomem com sofreguidão sabe que o candidato do governador à sua sucessão é justamente o Pezão.Ah, então essa galera quer o impeachment do Cabral, do Pezão, do Paulo Melo, do presidente do Tribunal de Justiça, de todos os deputados e por aí vai ? Faça-me o favor !

Por que esses rebeldes de araque não investem numa candidatura ao governo do estado que encarne a mudança radical que dizem defender ? Daqui a um ano e três meses, eles têm a chance de mudar de governador, de deputados, de senadores, de presidente. Agora, não adianta beicinho e esperneio mimado. A soberania popular garante ao governador Sérgio Cabral o cumprimento do seu mandato até 31 de dezembro de 2014. Não custa lembrar que ele obteve 67% dos votos válidos.

Sobre os bandidos mascarados fascistas, uma pergunta : até quando o sistema de segurança pública do estado vai assistir passivamente ao terrorismo mais explícito protagonizado por esses bandos ? Na passeata das centrais sindicais, não fosse a intervenção enérgica dos próprios sindicalistas, que lhes deram uns bens dados safanões e capturaram boa parte do arsenal de bombas e pedras com as quais eles pretendiam atacar os carros de som da manifestação, uma tragédia teria ocorrido. Mas a PM, estranhamente, assistiu toda a movimentação dos mascarados, desde sua concentração na Candelária até seu desfile provocador às margens da passeata.

Como o setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública, com toda a certeza, já mapeou de alto a baixo esses grupos, por que diabos permite sua ação ? O que há por trás disso ? Parece muito esquisito. E é. Para piorar, ainda temos de aturar o contorcionismo intelectual de alguns iluminados que teimam em enxergar ímpeto revolucionário e papel político nobre nessa horda de bandidos mascarados. Como diz o Paulo Henrique Amorim, viva o Brasil. 


Um comentário:

  1. Belo texto. Antes de tudo, assentado em valores democráticos e de esquerda. Desmascarador. Põe o dedo em verdadeiras feridas, mas com muito bom humor. Se fosse capaz de assim escrever, assinaria em baixo.
    Parabéns.
    Paulo.

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