Por Antonio Lassance, no Portal Carta Maior
"A nação perdeu seu maior filho". Essa foi a mensagem do presidente
sul-africano, Jacob Zuma, ao anunciar a morte de Nelson Mandela.
É
praticamente impossível encontrar alguém que jamais tenha ouvido falar
em Nelson Mandela, prova de sua importância histórica. É igualmente
notável quantos conhecem bastante sua história, pelo menos, os fatos
essenciais. O fato de ter sido ele o líder da luta contra o racismo e o
sistema de apartheid, a segregação entre brancos e negros, na África do
Sul. O fato de ele ter ficado preso por décadas e, depois, ter sido
eleito presidente da República.
Menos pessoas, porém, sabem que Mandela era formado em direito, tendo começado sua militância como advogado de presos políticos.
Esse
foi o primeiro passo pelo qual se aproximou dos ativistas, acabando por
tornar-se um deles. Como ativista, ele conheceu os militantes do
principal partido da luta anti-apartheid, o Congresso Nacional Africano
(CNA). Pelas mãos dos militantes do CNA, ele passou a organizar
manifestações de massa de defesa dos direitos da população negra. Uma
dessas primeiras manifestações foi, vejam só, contra o aumento de
tarifas de ônibus.
Em 1960, após a chacina na localidade de
Sharpeville, na qual a polícia dizimou uma multidão de manifestantes, os
militantes do CNA passaram a viver na clandestinidade e ingressaram na
luta armada. Mandela foi preso em 1962. Quase 20 anos depois, diante da
pressão internacional por sua libertação, o presidente Peter Botha
propôs soltá-lo, desde que Mandela renunciasse à luta armada como
instrumento político. Mandela recusou. Em sua resposta, disse que só
sairia da prisão quando todos os negros da África do Sul também
estivessem livres.
A britânica Margareth Thatcher,
primeira-ministra naquela época, se recusou a aderir à pressão mundial
pelo boicote à África do Sul. Dizia que Mandela era um terrorista, o que
nos ensina a que, toda vez que alguém for acusado de terrorista, é bom
entendermos um pouco da história do país e das pessoas que sofrem esse
tipo de acusação, antes de tirarmos conclusões apressadas.
Mandela
saiu da cadeia em 1990. Em 1993, recebeu o prêmio Nobel da Paz. Em
1994, foi eleito presidente da África do Sul, em uma política de
conciliação entre negros e brancos. Sua autobiografia está contada em
“Longa Caminhada para a Liberdade”. Hoje, sua caminhada chegou hoje a
seu ponto final.
Mandela deve receber a lápide que pediu em vida: "aqui jaz um homem que cumpriu o seu dever na Terra".
Antonio Lassance é doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB).
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