No que se transformou o MP
O Ministério Público foi criado pela Assembleia Nacional Constituinte de 1988 para ser uma
espécie de guardião dos interesses da sociedade.
A intenção dos constituintes era dotar o Estado brasileiro de um instrumento que, de forma independente do Judiciário, zelasse
pelos direitos humanos e defendesse o meio ambiente, o consumidor, os negros,
os sem-terra, os indígenas, os ribeirinhos, os quilombolas, as mulheres, as
crianças e os adolescentes.
Em suma, o povo brasileiro ganhava um estuário
institucional de peso para as suas demandas. Passados 25 anos, boa parte de seus procuradores se enredou, porém,
numa teia medíocre de interesses partidários e de conluio com o monopólio
midiático, cuja consequência direta foi o apequenamento da instituição.
Pena, porque a sociedade perde um importante instrumento para a afirmação da cidadania. É importante sublinhar que a função precípua e constitucional do MP é a apresentação de denúncias e queixas-crime à Justiça, a quem cabe a aceitação ou não dessas demandas.
Pena, porque a sociedade perde um importante instrumento para a afirmação da cidadania. É importante sublinhar que a função precípua e constitucional do MP é a apresentação de denúncias e queixas-crime à Justiça, a quem cabe a aceitação ou não dessas demandas.
Inebriados
pelos holofotes da mídia, contudo, os jovens doutores do MP, em geral preparados
nos colégios exclusivos da classe média alta e egressos das boas
universidades públicas, inflaram seus egos e trocaram os pés pelas mãos.
Indício virou prova, suspeita se transformou em
culpa e hipóteses são fatos consumados. Quando a leviandade da velha
mídia começou a encarar suas versões como fatos inquestionáveis, aí mesmo
é que os procuradores encheram o peito de soberba.
É o Estado Democrático de Direito que sai trincado sempre que o direito ao contraditório e à ampla defesa são escanteados pela aliança entre a mídia monopolista e o MP. Quem nunca ouviu nas emissoras de rádio e TV ou leu nos jornalões acusações de que determinados réus fazem "chicanas" ou "manobras" quando usam os recursos disponíveis para sua defesa ?
Vale observar que para ingressar no MP não se exige experiência de um dia sequer nas lides advocatícias. Basta a aprovação em concurso. Ao contrário de todas as carreiras profissionais conhecidas, que valorizam a experiência, a tarimba, aquele tipo de acúmulo profissional que só o dia a dia da labuta traz.
Vale observar que para ingressar no MP não se exige experiência de um dia sequer nas lides advocatícias. Basta a aprovação em concurso. Ao contrário de todas as carreiras profissionais conhecidas, que valorizam a experiência, a tarimba, aquele tipo de acúmulo profissional que só o dia a dia da labuta traz.
É aquela história : conhecimento e preparo
técnico se adquirem com estudos e dedicação acadêmica, mas a sabedoria, no
sentido mais amplo e humano do termo, só vem com o passar do tempo. Nada contra
a impetuosidade, o idealismo e o vigor da juventude. Pelo contrário.
O
problema é o nível de responsabilidade acusatória assumido por recém-nomeados procuradores, cujo
conhecimento de direito se limita ao campo teórico. Ou seja, falta um plano de
carreira e ascensão funcional que vá, gradativamente, incumbindo os membros do MP de tarefas progressivamente mais complexas. Do mesmo mal padece, aliás, a
magistratura.
Texto fundamental caro Bepe, parabéns
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