domingo, 16 de março de 2014

Sai de cena o injustiçado craque sem mídia

Rivaldo sempre foi tímido, de pouquíssimas palavras e avesso às baladas. Ao longo da carreira nunca foi alvo do assédio midiático que faz dos boleiros de sucesso de hoje verdadeiros ídolos pop. Esquecido pelos contratos do mundo publicitário, através dos quais os jogadores de futebol ajudam a vender qualquer porcaria, só aparecia quando entrava em campo.Melhor jogador disparado da Copa de 2002, foi ofuscado por Ronaldo Fenômeno, o queridinho da mídia e do mercado. Sua conquista da bola de ouro da Fifa, como melhor jogador do mundo em 1999, é como se tivesse sido apagada da história, já que a mídia raramente menciona a premiação.

A imprensa brasileira, nas matérias retrospectivas sobre os craques brasileiros que brilharam no grande Barcelona, só tem olhos para Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Romário. Já Rivaldo ou é esquecido ou, na melhor das hipóteses, é citado como personagem secundário  da história do clube catalão. Se consultassem um só dos torcedores do Barça que idolatram Rivaldo, ou se dessem ao trabalho de assistir ao menos a alguns vídeos, saberiam que ele brilhou tanto quando Ronaldinho com a camisa azul e grená, pela qual o pernambucano de Paulista conquistou dois campeonatos espanhóis, uma Copa do Rei, uma Supercopa Europeia e uma Copa da Uefa, além de ter marcado 130 gols.

Neste sábado, 15 de março, dia em que anunciou sua aposentadoria, a imprensa catalã e o site oficial do Barcelona abriram generosos espaços para textos de agradecimento a Rivaldo pelo refinado futebol apresentado como a camisa do clube. Nas edições online dos jornais na internet foram postados o vídeo do gol antológico de Rivaldo, em 1999, de bicicleta e de fora da área, na vitória sobre o Valência por 3 a 2. Uma obra de arte. Mas, como de onde menos se espera é que não vem nada mesmo, no site da CBF não há uma linha sequer sobre a saída de cena de Rivaldo. Ponto para Neymar, que através das redes sociais agradeceu a Rivaldo por seu futebol e por ele ser brasileiro, chamando-o de ídolo.

Já que a mídia esportiva, em geral, ignora seus feitos, não custa lembrar que, com a camisa verde e amarela da seleção brasileira, Rivaldo, o garoto que catava caranguejo para sobreviver na infância, sempre mostrou futebol de craque, honrando a camisa 10 que lhe foi confiada. Com sua habilidosa perna esquerda, deu assistências primorosas e fez gols importantes não só na conquista do penta, em 2002, mas também quatro anos antes, no vice-campeonato da Copa da França, quando também foi o melhor jogador brasileiro. Em 1999, sua clarividência já fora fundamental na conquista da Copa América, disputada no Paraguai.

No Brasil, começou no Santa Cruz e jogou por vários times, mas sua passagem mais marcante foi pelo Palmeiras, clube pelo qual marcou 60 gols e foi campeão brasileiro, em 1994. No exterior, além do Barcelona, merecem destaque as temporadas disputadas pelo La Coruña, também da Espanha, e Olympiacos e AEK, ambos da Grécia. Seu estilo.refinado e plástico de jogar honrou a melhor tradição da  escola artística do futebol brasileiro, que o fez respeitado e admirado no mundo inteiro. Obrigado, Rivaldo.

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