quarta-feira, 2 de julho de 2014

O estranho "chinelinho" verde e amarelo

Campo da Granja Comary vazio como quase sempre
Que a seleção brasileira é um conjunto repleto de falhas e defeitos até o mais otimista dos torcedores canarinhos concordam. Pois bem, depois de suar sangue para conquistar a vaga contra o Chile, no sábado, quando deixou uma nação inteira com o coração na boca, os comandados de Felipão só voltam aos treinamentos de campo nesta quarta-feira. Ou seja, foram três dias literalmente jogados fora. Repito o que já escrevi aqui outras vezes : isso é programação de time pronto, que está na ponta dos cascos, e não de um time que vem apresentando um péssimo futebol. O problema é que essa soberba da comissão técnica pode nos custar muito caro.

E esse comportamento soa ainda mais estranho se comparado à programação e ao ritmo de treinamentos das demais seleções. Mesmo entre as que até agora mostraram um futebol de qualidade superior ao nosso, não se vê tantas folgas e treinamentos no melhor estilo "me engana que eu gosto", como os que viraram rotina em Teresópolis.

A desculpa corrente dada por Felipão, Parreira e seus auxiliares não convence ninguém. É claro que conversas, palestras e assistir ao tape dos jogos em grupo para debater os erros ajudam. Contudo, sem levar as conclusões teóricas para dentro do campo, nada feito. Só se cria conjunto, entrosamento e se corrige falhas com repetição e simulações de situações de jogo nas quatro linhas.

Um time que não tem meio de campo, que vive da ligação direta defesa-ataque, através dos chutões dos seus zagueiros e volantes; que tem dois laterais que estão longe de render o esperado, principalmente o Daniel Alves; que jogadores não rendem porque são escalados em posições estranhas às suas características,como no caso do Oscar (um meia que com Felipão joga de ponta direita com enormes responsabilidades na marcação) e que deu o azar de contar com vários jogadores em crise técnica justamente numa Copa do Mundo (Paulinho, Fred, além do já citados) não pode se dar ao luxo de não treinar.

O problema é agravado pelo notório e já tão propalado desequilíbrio emocional dos jogadores. Nós conseguimos transformar o que seria uma vantagem extraordinária, que é o fato de disputarmos uma Copa em casa, num fator negativo, uma vez que muitos dos nossos jovens jogadores estão sentindo a pressão, o peso, a responsabilidade de ganhar uma Copa no seu país e fugir do estigma que vitimou os jogadores de 1950, notadamente o mais injustiçado de todos, o goleiro Barbosa.

No entanto, a tensão só aumenta na medida em que os próprios jogadores percebem que o time está mal. Aí vem o medo de perder e os nervos ficam em frangalhos. Só resta o caminho do treinamento, única possibilidade de fazer o time render mais e, consequentemente, acalmar os jogadores. A propósito, se revelou um grave erro a não convocação de jogadores com experiência em outras Copas, e respeitados também pela qualidade técnica e pelo currículo, como Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Kaká. Bastaria fazer parte do grupo, para amortecer a pressão sobre os mais jovens. E se entrassem durante os jogos, duvido que não jogassem mais do que os titulares atuais.

Essa é a 12ª Copa do Mundo que acompanho 24 horas por dia. E em nenhuma outra vi uma seleção brasileira tão pouco confiável. Mas não perco a esperança de que o Brasil, de uma hora para outra, volte a ser Brasil, volte a trocar passes, volte a improvisar, volte a se impor diante dos adversários. Sei que sem treinamento isso é missão quase impossível. Mas estamos de falando de futebol, os mais imprevisível e fascinante de todos os esportes.




2 comentários:

  1. Solicito, com urgência, que me informe os números do próximo concurso da mega-sena.
    Que perder para a Alemanha era uma possibilidade, já sabíamos. É do jogo: não valendo empate, ou se ganha, ou se perde.
    Mas, de 7?!?!

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  2. Bepe, falei isso durante a Copa inteira, só que sem o brilho do seu texto. Faltou treinamento para um time que em nenhum momento jogou bem.

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