Por Antonio Augusto de Queiroz, no site do Diap
Numa única palavra: ganância. Nunca os banqueiros deste país lucraram
tanto como nos governos do PT, mas esse pessoal não tem limite. Neste
texto elenco quatro motivos que embasam tamanha hostilidade ao governo
Dilma. Esse comportamento do mercado financeiro vale para qualquer
governo que não aceite o jogo da banca.
O primeiro motivo, e não necessariamente o principal,
é porque o governo Dilma ousou desafiá-los, ao interferir na margem de
lucro deles, ao pressionar o Banco Central que reduzisse a taxa Selic,
de um lado, e, de outro, que os bancos oficiais (BB e CEF) reduzissem o
spread bancário, a partir da concorrência com a banca privada.
Os banqueiros, que antes elogiavam o governo, passaram a hostilizá-lo e a
promover campanha com o objetivo de desqualificar a presidente e seu
governo quanto à capacidade de manter a inflação e o gasto público sob
controle, inclusive alugando alguns articulistas de economia da grande
imprensa.
Insistiram nessa tática, aparentemente sem resultados, durante dois
anos, até que, por sazonalidade nos produtos hortifrutigranjeiros, houve
aumento de alimentos, inicialmente da batata e logo em seguida do
tomate, criando as condições para a vitória da guerrilha inflacionária,
que assustou os consumidores e forçou o governo a autorizar o retorno do
aumento da taxa de juros.
O segundo motivo é porque nos governos do PT o dinheiro de origem
trabalhista (FAT, FGTS e alguns Fundos de Pensão de estatais), com baixa
intermediação do sistema financeiro privado, foi utilizado para
fornecer crédito barato, gerar emprego e renda. Ou seja, em lugar de ir
para a especulação, com ganhos astronômicos dos rentistas, esse dinheiro
foi para o investimento produtivo.
Em um governo de perfil liberal, que afrouxa ou desregulamenta a
economia e abre mão de dar a direção aos investimentos, esses recursos
certamente seriam administrados por banco privados e não por bancos
oficiais (BB e CEF) nem tampouco pelo BNDES e certamente iriam para a
especulação e não para o investimento.
O terceiro motivo foi a criação do Fundo Soberano, com as finalidades de
promover investimentos em ativos no Brasil e no exterior, formar
poupança pública, mitigar os efeitos dos ciclos econômicos e fomentar
projetos de interesse estratégico do país localizados no exterior. Isso
reduz as perspectivas de captação e administração de recursos públicos
pela banca privada.
O quarto foi a criação do Banco do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), que terá um capital inicial de U$ 50 bilhões e que
poderá ser utilizado, com custo mais baixo, por seus sócios, o que,
igualmente, não agradou aos banqueiros brasileiros.
As motivações, como se vê, são todas decorrentes do desconforto com a
presença do governo na gestão ou intermediação de parcela dos recursos
destinados aos investimentos (capital estatal, capital privado nacional e
capital estrangeiro), sendo o maior montante os de origem trabalhista.
* Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político e
diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar (Diap).
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