Por Luis Nassif, no GGN
Na 5a feira da semana passada, a revista Veja 
divulgou sua reportagem de capa, com a afirmação de que o doleiro 
Alberto Yousseff acusara Dilma Rousseff e Lula de saberem do esquema 
Petrobras. Até agora, todas as evidências são de (mais) uma armação jornalística
 da revista, em uma operação que se configura quase um golpe de Estado.
A armação da Veja faz parte de um longo roteiro de 
atuações criminosas, aprofundado quando a revista se associou ao 
bicheiro Carlinhos Cachoeira em uma série de matérias que beneficiava a 
ambos.
Trata-se de uma prática criminosa importada de outros países, 
praticada por outros grupos de mídia inspirados na ação deletéria de 
Rupert Murdock, o magnata australiano que adquiriu vários jornais nos 
Estados Unidos e na Inglaterra.
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Ao longo da última década proliferaram os abusos, o conceito de 
liberdade de imprensa passou a ser utilizado de forma inapropriada para 
negar direito de resposta aos atingidos, permitir o assassinato de 
reputações de forma indiscriminada, tolerar a disseminação do 
preconceito em todos os níveis.
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Passadas as eleições, não haverá como não encarar o desafio da regulação da mídia.
Não se trata de medida bolivariana, mas de se espelhar no relatório 
do juiz Leveson - "Práticas e a Ética da Imprensa –Sumário Executivo e 
Recomendações" - preparado a pedido da Câmara dos Comuns, da Inglaterra e
 publicado em novembro de 2012.
No diagnóstico, o juiz Leveson constatou que os abusos tinham se 
tornado uma prática disseminada. "Aqui não se trata apenas de 
personagens famosos, mas também de pessoas comuns envolvidas em 
acontecimentos – alguns deles verdadeiramente trágicos – muito mais 
graves do que poderiam suportar, mas tornados muito, muito piores pelo 
comportamento da imprensa que, às vezes, só pode ser descrito como 
ultrajante."
Segundo Leveson, os abusos se dão em todos os níveis. “Em um setor 
que supostamente serve para informar, toda informação errônea e, 
particularmente, toda distorção, deveria ser motivo de preocupação. 
Porém, quando há constante representação deturpada de grupos sociais, 
conflitos de interesse ocultos e alarmismo irresponsável na área 
científica, o risco para o interesse público é evidente."
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Todas as tentativas de auto-regulação resultaram inúteis. O juiz 
identificou um corporativismo que se manifestava em todos os níveis. The
 Guardian, o respeitado jornal britânico que pela primeira vez denunciou
 esses abusos, foi alvo de represália da associação dos jornais.
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Além dos problemas de excesso de concentração de poder, o relatório 
Leveson sugere medidas imediatas para reduzir os abusos: a criação de um
 conselho não-estatal, formado por personalidades respeitadas, incluindo
 editores já aposentados, para opinar rapidamente sobre abusos da 
imprensa, assim que solicitados.
As publicações que aderissem a esse conselho se obrigariam a seguir 
padrões de conduta e receberiam o selo de qualidade. Quem não aderisse a
 esse conselho teria seus abusos julgados por tribunais e sujeitos a 
multas proporcionalmente muito mais elevadas.
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É hora de permitir que os ventos da contemporaneidade varram de vez os detritos de um setor que se fossilizou no Brasil.
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