Por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo
Os filhos da mídia foram neste sábado para as ruas protestar contra, bem, contra sei lá o quê. Contra terem perdido nas urnas e, portanto, contra a democracia.Disse “filhos”, mas poderia ter dito “vítimas”.
Porque em sua louca cavalgada antidemocrática eles foram intoxicados mentalmente pelo que a mídia deu nestas últimas semanas.Eles pareciam saídos das páginas da Veja e dos comentários de gente como Jabor.
Pediam o impeachment de Dilma pelo caso Petrobras.
São os efeitos colaterais da capa criminosa que a Veja deu às vésperas das eleições.
Os manifestantes da Paulista tomaram aquilo como uma verdade indiscutível.
Isso mostra que é necessário aplicar uma punição exemplar à Veja. É
uma tentativa de golpe branco fazer o que a revista fez – sem uma única
prova – em cima de uma eleição tão disputada.
A Veja tem que enfrentar – rapidamente — as consequências do que fez.
Ou vamos esperar que um lunático, inspirado pela revista, comece a
matar petistas?
A mídia está também por trás do disparatado pedido de auditoria de votos feito pelo PSDB.
Os tucanos só fizeram isso por saberem que têm as costas quentes com a
imprensa. Ou então se refreariam antes de atentar contra as
instituições com um pedido tão esdrúxulo.
As dúvidas não resistem a um minuto de reflexão. Considere. O
Datafolha deu, na véspera, 52% a 48% para Dilma. A diferença ficou nos
decimais: 51,64% versus 48,36%.
A desconfiança nasce também, assinale-se, de trapaças do PSDB não devidamente cobradas pela mídia.
Aécio usou dados enganosos de uma pesquisa do instituto Veritás que
lhe dava ampla vantagem em Minas, onde perdera no primeiro turno.
O dono do Veritás avisou que era um erro, ou crime, utilizar os
números que Aécio brandiu publicamente, nos debates, contra Dilma. O
estatístico também.
E mesmo assim Aécio não se deteve.
O que pensa um fanático antipetista quando vê uma coisa dessas? Num
dia, numa pesquisa, seu candidato está ganhando amplamente em Minas. No
dia seguinte, no mundo real, o candidato perde.
Farsa, é a conclusão.
E a frustração se converte em raiva depois que analistas afirmam que
Aécio perdeu a presidência por causa dos votos que não teve em Minas.
Manifestações como a de hoje mostram como a sociedade está sendo
agredida por uma mídia interessada apenas na manutenção de seus
formidáveis privilégios.
Pensava-se que o ataque da mídia à democracia cessaria com as eleições.
Não cessou.
É hora de o Estado proteger a democracia, antes que seja tarde demais.
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