Por Ópera Mundi
Mais de 50 anos após ruptura de relações diplomáticas, Cuba e EUA
tiveram um dia histórico neste sábado (11/04). Os presidentes Raúl
Castro e Barack Obama realizaram reunião bilateral para discutir a
reaproximação diplomática entre os países. O encontro aconteceu em uma pequena sala dentro do Centro de Convenções
Atlapa do Panamá, onde está sendo realizada a VII Cúpula das Américas.
Desde 1958, quando Cuba e EUA romperam relações diplomáticas, os
presidentes dos dois países sentam lado a lado. “É uma reunião "histórica", disse Obama, que reconheceu que a história
entre os dois países é "complicada". "Agora estamos em condições de
avançar no caminho para o futuro", ressaltou o presidente americano.
Raúl Castro, por sua vez, disse que Cuba está "disposta a falar de
tudo" no processo de normalização bilateral. No entanto, “pode ser que
nos convençam de algumas coisas e de outras não, não se deve criar
expectativas", acrescentou Castro.
Ao afirmar que os dois países têm que dialogar "com muito respeito", o
líder cubano reconheceu que existem "muitas diferenças" entre os dois
governos.
Presidentes também discursaram na VII Cúpula das Américas
Antes do encontro bilateral com Obama, Raúl Castro criticou o histórico
de "agressões imperialistas" dos EUA contra a América Latina.
Nos 42 minutos de discurso durante a Cúpula das Américas, o líder
cubano fez uma retomada histórica das relações entre EUA, Cuba e América
Latina. Destacou, sobretudo, as "guerras, conquistas e intervenções"
dos EUA, país que classificou como "força hegemônica que despojou de
territórios toda nossa América e se estendeu até o rio Bravo".
No entanto, Raúl Castro enfatizou que Obama não tem responsabilidade
pelo passado de sanções e embargos a Cuba e elogiou o norte-americano
pelo diálogo que estabeleceu com Havana.
"A paixão me sai pela pele quando se trata da revolução, mas peço
desculpas ao presidente Obama porque ele não tem nada a ver com tudo
isto", declarou.
"Todos (anteriores a Obama) têm dívidas conosco, mas não o presidente
Obama", que "é um homem honesto" e com uma "forma de ser que obedece a
sua origem humilde", comentou.
"O presidente Obama nasceu sob a política do bloqueio a Cuba, também
não tem culpa disso, mas esse e outros elementos deverão ser resolvidos
no processo de normalização de relações", disse.
Assim como a presidente Dilma Rousseff, o líder cubano exigiu um novo
posicionamento dos EUA em relação à Venezuela."Nós sabemos porque (os
venezuelanos) estão passando pelo mesmo caminho pelo qual nós passamos e
estão passando pelas mesmas agressões pelas quais nós passamos", disse.
Obama afirma que reaproximação com Cuba abre nova era na América
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também discursou hoje
(11). O norte-americano disse que o seu país "não será prisioneiro do
passado" com Cuba nem com a América Latina.
Obama disse estar convencido que, se continuar o diálogo bilateral
entre seu governo e o de Raúl Castro, haverá progressos, apesar das
"diferenças".
"Os Estados Unidos olham para o futuro. [...] Não estou interessado em
disputas que francamente começaram antes que eu nascesse", criticou.
Obama qualificou a cúpula - na qual estão presentes os 35 países do
continente americano, inclusive Cuba, pela primeira vez na história - de
"momento histórico" e disse que a aproximação entre EUA e Cuba marca um
"ponto de inflexão" para toda a região.
O "giro" da política americana em relação a Cuba "aprofunda nosso
compromisso" com toda a região, segundo Obama, que declarou que desde
que chegou à Casa Branca em 2009 sua proposta foi a de manter uma
relação de "parceria" e de igualdade com o continente.
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