quarta-feira, 1 de abril de 2015

Se for contra o PT, palavra de alcaguete e criminoso tem fé pública

Desde que vivemos, pelo menos formalmente, num Estado Democrático de Direito, não lembro de um processo como este, gerado pela Operação Lava Jato, no qual só existem acusadores.

A Polícia Federal acusa. Os procuradores do Ministério Público acusam. O juiz Moro acusa. Os criminosos confessos acusam na delação premiada. O cartel da mídia acusa.

Vez por outra pode ser que se encontre uma notícia de pé de página informando a posição de um advogado de defesa ou a versão dos acusados.

Na República do Galeão, ou melhor, República do Paraná, a regra é clara : quem quiser deixar a cadeia tem de colaborar. Pouca importa se o sujeito está preso por tempo indefinido sem qualquer condenação. Está em vigor o "prende primeiro e investiga depois."

Mas a tal colaboração com a justiça só é premiada com a   liberdade se o encarcerado acusar o PT. Caso não alimente 20 minutos do Jornal Nacional e manchetes de O Globo, Folha, Estadão e Veja, nada feito. Que mofe nas condições carcerárias conhecidas do Brasil.

O resto fica por conta da seletividade repugnante do monopólio da mídia. O manual de redação não escrito é implacável : palavra de delator (desde pequeno aprendi a ter profundo desprezo pela figura do dedo-duro), mesmo que ele seja corrupto e criminoso confesso, é tomada como verdade absoluta. Merece fé pública.

Não cabe nenhum reparo às acusações de gente com a "nobreza" de caráter de um Paulo Roberto Costa, Youssef ou Barusco. Desde que incrimine os petistas. Os alcaguetes sabem perfeitamente o que os procuradores e o juiz Moro querem ouvir. Aí capricham no dedo-durismo antipetista.

No seu afã de envenenar cada vez mais o ambiente político, a imprensa brasileira não se constrange em dar crédito a criminosos e desprezar as versões dos ex-presidentes da Petrobras Sérgio Gabrielli e Graça Foster. O doleiro Youssef se transformou em herói nacional. Há gosto para tudo neste mundo.

Por outro lado, quando o acusado é um adversário do governo, entram em campo os socorristas da mídia com a "Operação Não é Bem Assim." Eles, e só eles, se beneficiam do preceito republicano da presunção da inocência.

Assim, o senador Anastasia, o político mais ligado a Aécio Neves, aparece na lista do Janot. Mas deve haver um equívoco qualquer, afinal, o senador é um homem probo. Eduardo Cunha e Renan Calheiros também estão entre os investigados pelo STF. Mas, certamente, é armação do Planalto, uma vilania contra dois homens públicos de trajetória inatacável.

Como somos uma nação repleta de analfabetos políticos, essa manipulação grosseira feita diuturnamente pela mídia mais canalha do planeta se dissemina na população. Moral da história : sem uma regulação econômica dos meios de comunicação, que elimine monopólios e oligopólios e dê voz a todos os segmentos de uma sociedade tão complexa e multifacetada como a nossa, jamais consolidaremos a democracia no Brasil.


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