Por Jean Wyllys, no Instagram
A força da grana suja e as tenebrosas transações venceram essa batalha, infelizmente.Apesar de ter sido derrotado ontem, Cunha fez de tudo para conseguir o
que queria. Atropelando o regimento interno da Câmara, os acordos
feitos publicamente no plenário sobre a pauta de votações e a civilidade
política mínima (que desde sua chegada ao Trono não existe mais), o
presidente da Casa, que se acha imperador, colocou em votação pela
segunda vez o financiamento empresarial de campanha, e dessa vez
conseguiu. Um “segundo turno” para reverter o resultado do primeiro,
mesmo que isso seja uma aberração institucional, porque já era matéria
vencida.
E, por incrível que pareça, o placar da votação mudou. Quer dizer,
deputados que ontem tinham votado NÃO à constitucionalização da
corrupção, hoje votaram SIM. Por que será?
Os hipócritas do PSDB e do DEM, que gostam tanto de bater panela
“contra os corruptos”, votaram em bloco a favor da corrupção
institucionalizada. Porque o que foi aprovado é isso. Financiamento
empresarial de partidos significa privatização da política para que as
empresas, as corporações econômicas, o poder do dinheiro mande e
desmande. Empresa não doa, faz investimento, e recebe em troca muito
mais do que investiu. Não é por acaso que 255 dos atuais 513 deputados
federais receberam para suas campanhas dinheiro das empreiteiras
envolvidas na Operação Lava-Jato.
O Congresso deu as costas à população, mais uma vez, em defesa de obscuros interesses.
O financiamento empresarial da política prejudica sua vida cotidiana,
porque quando o Estado serve aos interesses daqueles que pagaram as
milionárias campanhas dos candidatos, os interesses do povo ficam
relegados. E porque as enormes quantias de dinheiro que eles investem
fazem com que seja muito difícil que os candidatos independentes do
poder econômico (e, portanto, com campanhas pobres) se elejam.
Não deixemos essa aberração contra a democracia passar.
Proteste, reclame, mobilize-se, faça barulho, manifeste-se nas redes e nas ruas.
Diga não à contra-reforma de Cunha!
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