sábado, 13 de junho de 2015

Um cadáver insepulto chamado PED

Entre lideranças petistas de todas as correntes políticas presentes ao V Congresso do partido aqui em Salvador há praticamente um consenso de que é preciso acabar com o Processo de Eleições Diretas, o PED.

Criado para ampliar e aprofundar a democracia partidária com a escolha das direções por votação direta dos filiados, o mecanismo ao longo do tempo se transformou em terreno fértil para práticas políticas fisiológicas, clientelistas e corruptas.

Pensado para oxigenar democraticamente o partido, o PED sufocou as discussões políticas em favor da cristalização de métodos que antes o PT condenava nos outros partidos.

Candidatos com mais poder econômico e "estrutura" passaram a concorrer com enorme vantagem depois que as históricas, politizadas e  polarizadas convenções e encontros partidários ficaram para trás.

Virar esta página da história do PT se tornou, portanto, uma decisão imperativa para que o partido possa seguir em frente, sinalizando para a sociedade que pretende enfrentar a crise partidária com medidas saneadoras.

Contudo, há entre os delegados ao evento sérias dúvidas sobre o que colocar  no lugar do PED. Embora as correntes minoritárias defendam a retomada do processo anterior, por meio do qual as direções eram eleitas em convenções zonais, municipais, regionais e nacional, a maioria vê com preocupação uma guinada repentina de volta ao antigo modelo.

Argumentam que não é possível comparar o enorme partido de massas de hoje, com quase dois milhões de filiados, com a fases embrionária e de consolidação do PT. Vão além e lançam uma indagação preocupante:
quem garante que a eleição dos delegados às convenções não será também marcada pelos mesmos métodos degenerados do PED ?

A questão será levada para decisão final à plenária de encerramento deste sábado. Chegou-se a pensar na convocação de uma espécie de constituinte partidária exclusiva, que teria a incumbência de resolver esses e outros dilemas organizativos. Mas o calendário eleitoral do país, com eleições municipais marcadas para o ano que vem, sepultou a proposta.

Com isso, ganha terreno no congresso a proposta de realização de uma conferência organizativa do partido ainda em 2015, cujas resoluções seriam sacramentadas pelo próximo congresso, a realizar-se, provavelmente, em 2017.




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