domingo, 29 de maio de 2011

Nas ondas de uma crise fabricada

Cerca de 70% dos brasileiros e brasileiras consideram bom ou ótimo o governo da presidenta Dilma. Mas ele está em crise. Mais de 80% aprovam a forma com a presidenta conduz o seu governo. Mas ele está em crise. A economia continua crescendo entre 4% e 5%. Mas o governo está em crise. O mês de abril foi o melhor abril da história em termos de geração de emprego. Mas o governo está em crise. A inflação começa a ser domada com a queda nos preços dos combustíveis, contrariando os profetas do caos, como diz o Lula.


Claro que o governo não atravessa propriamente um céu de brigadeiro. Existem problemas sérios como a votação do código flotestal, agora no Senado. Outra vez, a força da bancada ruralista promete criar embaraços, desafiando e levando ao limite a capacidade de articulação política das lideranças governistas. Mas, não custa lembrar, a presidenta ainda tem a prerrogativa do veto, caso o Senado confirme a decisão da Câmara e aprove a anistia a quem desmatou até 2008 e atribua também aos estados a definição de políticas ambientais.

Nada ainda está perdido, embora a tramitação do projeto do novo código florestal na Câmara tenha evidenciado falhas graves na articulação política do governo, especialmente da Casa Civil, leia-se ministro Palocci, com os parlamentares.Depois que o presidente Lula entrou em cena cobrando uma mudança urgente nesta área, surgem sinais de que as coisas começam a melhorar.

Mas o xis da questão é que boa parte da energia vital do governo vem sendo gasta no caso Palocci. Correndo de comissão em comissão na Câmara e no Senado para impedir que o chefe da Casa Civil seja convocado para prestar depoimentos, os líderes governistas acabam enxugando gelo, já que as labaredas do caso insistem em não baixar. Na minha opinião, a chave para resolver o problema está ao alcance da mão. O ministro Palocci precisa urgentemente falar abertamente sobre o assunto com o público.

Trocando em miúdos, deve convocar uma coletiva de imprensa, sair da defensiva, e explicar em detalhes o tipo de serviço que prestava, por que consultarias desta natureza são tão bem remuneradas, e também por que se justificam as tais cláusulas de confidencialidade que o impedem de revelar os nomes de seus clientes. O ministro nada tem a perder, e tem boas chances de sair ganhando, caso enfrente de peito aberto as suspeitas lançadas contra ele. Afinal, o que há a temer se todos os seus rendimentos foram declarados à Receita e não há ilegalidade em prestar consultorias mesmo sendo parlamentar ? Tanto que o que se levanta contra ele são restrições de ordem moral, e não legal.

O preço a ser pago por Palocci caso ele mantenha o mutismo atual pode ser muito caro :  parmanecer no governo, mas alquebrado e sem força política. Quase uma peça de decoração.

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