terça-feira, 7 de junho de 2011

O estrago causado pelo "espalha bosta"

Primeiro foi a Irlanda, em fevereiro. Depois, a Espanha, nas eleições regionais de maio.Domingo passado foi a vez da guinada europeia à direita  chegar a Portugal. Por trás desta onda conservadora,estão os programas de austeridade e ajuste do FMI. Não dá para não lembrar de uma história contada pelo amigo Lima, segundo a qual, na sua Erechim (RS) da infância, era comum se associar pessoas que por onde passavam só faziam besteira com o boi "espalha bosta".
A crise atingiu em cheio também as economias da Grécia, da Islândia e da Itália. A reação do eleitorado aos pacotes apresentados pelo premier português José Socrates, cortando salários de servidores públicos, benefícios sociais e congelando aposentadorias não foi diferente da dos outros países submetidos ao garrote do FMI. Entre o neoliberalismo e o conservadorismo genéricos, representados pelos partidos de esquerda, o eleitor preferiu colocar no poder os conservadores originais.

Na Espanha, a volta do Partido Popular ao poder é uma questão de tempo. Depois de ter sido trucidado nas urnas nas eleições regionais, o PSOE prepara-se para colher um dos piores resultados de sua história nas eleições legislativas de março de 2012. A ponto de o presidente do governo espanhol, José Luiz Zapatero, ter jogado a toalha, ao avisar que não concorrerá a mais uma mandato. De quebra, Zapatero, a exemplo do seu vizinho de Penísula Ibérica, José Sócrates, renunciou à secretaria-geral do partido.

Como bem assinalou Rodrigo Vianna, no seu blog Escrivinhador, a exceção a este realinhamento de forças à direita deve ser a Itália, onde as sucessivas cafagestices de Berlusconi podem pavimentar o caminho de volta ao governo dos partidos de centro-esquerda. Ainda assim, se forem capazes de apresentar um programa de recuperação econômica considerado palatável pelo eleitorado.

Enquanto isso, na América Latina, a vitória do nacionalista de esquerda Ollanta Humala mostra que a população da região reafirma com vigor sua opção pela democracia, com inclusão social e distribuição de renda, longe dos parâmetros do Fundo Monetário Internacional, cujos estragos sociais causados nos anos 1990, período em que o neoliberalismo dava as cartas no continente, ainda estão bem vivos na lembrança da população.

Note-se que a vitória de Humala se deu em circustâncias muito parecidas com a de Dilma Rousseff no ano passado, no Brasil, com praticamente toda a mídia trabalhando dia e noite contra, boatarias das mais rasteiras e o poder econômico apostando todas suas fichas na candidatura das eleites retrógadas e conservadoras. Contudo, o amadurecimento democrático da população, aliado ao seu forte desejo de mudança,e de seguir os passos à esquerda da maioria dos países da região, assegurou a vitória de Omala. Seja bem-vindo, presidente.

Um comentário:

  1. Este blog tem que ir a Portugal ver isso de perto...

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