Impossível não lembrar de Goebbels, ministro da propaganda de Hitler :" uma mentira repetida um milhão de vezes vira verdade." Pois o episódio conhecido como mensalão, tal qual tenta fazer crer a velha mídia, é uma mentira histórica repetida a exaustão. A versão fantasiosa segundo a qual políticos comprados pelo governo se dirigiam a uma espécie de guichê para sacar suas recompensas é uma farsa, que nunca foi provada por nenhuma CPI, tampouco pelo MP. E nem poderia. Até as calçadas da Praça dos Três Poderes sabem que o mensalão foi mais um entre tantos crimes de caixa dois típicos das campanhas eleitorais brasileiras.
Não fosse pelo intuito deliberado de tentar destruir o PT , a novela do mensalão há muito já teria chegado ao seu capítulo final, com base na legislação eleitoral, em cujos artigos se encontram tipificados com riqueza de detalhes as punições cabíveis aos casos de prática de caixa dois.
Disseminada no mundo político-eleitoral tupiniquim, o caixa dois é filhote do financiamento privado das campanhas eleitorais, que é como se sabe a erva daninha, a praga que corrói a nossa vida política. O financiamento público das campanhas teria, portanto, o condão de ajudar a estancar a sangria dos cofres públicos causada pela relação promíscua entre o financiador e o financiado.
Mas nem a mídia nem a oposição se interessam em enfrentar de frente esse problema. Reparem que dez entre dez articulistas dos jornalões são contrários ao financiamento público. O mesmo ocorre em relação às principais lideranças da oposição. Em outras palavras, são justamente as vestais da moralidade que querem manter tudo como está. Enquanto isso, cinicamente, requentam e exploram o mensalão, agora tendo como base o conteúdo da denúncia final feita pelo atual procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao STF.
Aqui, antes que se evoque a infalibilidade institucional e o saber jurídico inquestionável de um cidadão investido no cargo de procurador-geral da República, vale a pena rememorar alguns episódios que marcaram a trajetória de alguns deles :
1) O procurador Aristides Junqueira, do início dos anos 1990, passou pelo vexame de ver Fernando Collor de Melo ser absolvido pelo STF, mesmo depois do impeachmment, tamanha a inconsistência de sua peça de acusação, ou seja, o doutor não foi capaz de reunir provas convincentes contra o ex-presidente, mesmo diante do farto material que justificou plenamente seu afastamento pela Câmara dos Deputados e sua posterior renúncia;
2) O famigerado procurador indicado por FHC, Geraldo Brindeiro, acabou conhecido como o “engavetador-geral” da República, depois de usar e abusar do artifício de “sentar” em cima dos processos que contrariavam os interesses do governo da época;
3) Cláudio Fontelles, chefe do Ministério Público Federal no primeiro governo Lula, foi derrotado fragorosamente pelo STF, quando em nome da “sociedade” defendeu a proibição, pasmem, das pesquisas com células tronco.
Como se vê a simples denúncia de um procurador não se constitui a priori em prova de culpa. Se isso não bastasse, quem tem alguma intimidade com os meandros da política sabe que o caixa dois do PT é uma cópia esfarrapada do caixa dois tucano liderado pelo senador Eduardo Azeredo. Não é à toa que o operador é o mesmo, o ex-careca mineiro Marcos Valério. Só que, por motivos óbvios, o caso do PSDB dorme nos escaninhos do Judiciário sem que os editores de política de O Globo, Folha, Veja ou Estadão manifestem o menor interesse em pautá-lo.
Mas não perdem por esperar. Tudo indica que aqueles que hoje são enxovalhados, julgados e condenados pela velha mídia como chefes da quadrilha do mensalão, casos de José Dirceu e José Genoíno, serão absolvidos pelo STF, desde que, é claro, o julgamento se baseie exclusivamente nos autos do processo, onde não há o mais tênue elemento de prova contra eles. Quem viver, verá.
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