Os amigos e amigas já ouviram falar em nomes como WestLB, Máxima Asset Management, Austin Rating, Tendências, MCM Consultores, Novinvest e Prosper ? Pois é, são consultorias, bancos de investimentos e corretoras usados como fontes para quase todas as matérias da imprensa sobre inflação, juros, câmbio, etc. Como são agentes do interesse do mercado financeiro, estão sempre na contramão da economia real, da produção, do investimento,do emprego, do salário. Esta semana, ante o quinto aumento consecutivo pelo Copom da taxa básica de juros, que chegou a 12,5%, esta gente bateu duro no Banco Central. E sabem por que ? Porque defendem uma elevação ainda maior. É ou não é muita desfaçatez ?
E justificam o aperto monetário com o tom alarmista de sempre, tendo como base a ameaça inflacionária : "o governo tem que manter a alta de juros se quiser trazer a inflação para a meta de 4,5%"; "com 12,5% será impossível convergir a inflação para meta"; "vem aí mais aumentos salariais, por isso o Banco Central deve manter a alta de juros por um longo tempo". O que aumentou o pânico dos rentistas foi tão somente o comunicado do BC que se seguiu à divulgação da nova Taxa Selic : em vez de alertar, como nos informes anteriores, que as altas se dariam pelo período necessário para puxar a inflação para a meta em 2012, o texto de terça-feira (19) se limita a dizer que a elevação foi considerada necessária no momento.
Esse aviso, interpretado pelo economês como "viés de neutralidade", pode indicar que o BC pretende afrouxar as altas, o que precocupa quem vive de juros extorsivos. Só que a céu aberto não dá para assumir que o eldorado do mercado é uma taxa de juros cada vez maior. Por isso, apelam para um coquetel de artifícios repleto de malabarismos verbais, meias verdades, leitura oportunista dos fundamentos econômicos e mentira deslavada.
Em primeiro lugar, esta história de que a inflação estourou a meta é uma balela. Embora o centro da meta seja 4,5%, esse objetivo monetário prevê uma flexibilização, uma tolerância de 2 pontos percentuais, ou seja 6,5%. E qual é o truque usado pela mídia e pelo mercado para dizer que até os 6,5% foram ultrapassados ? Simples. Ignoram que essa meta é para ser alcançada até o fim do ano e fazem uma conta canhestra enfocando, por exemplo, o período de junho de 2010 a julho de 2011.
A inflação não está fora do controle coisa nenhuma. As chamadas medidas macroprudencias adotadas pelo Ministério da Fazenda já estão dando resultado. No dia de mais um aumento da Taxa Selic, a divulgação da prévia do IPCA comprovou mais uma vez a tendência de queda registrada em aferições anteriores deste e de outros índices : a variação apurada foi 0,10%, muito inferior aos 0,23% esperados pelos profetas do apocalipse do mercado.
Voltando aos aumentos seguidos dos juros, vale repetir que as entidades de trabalhadores e o setor produtivo do empresariado mantêm sua posição contrária a essa estratégia de derrubar a inflação inibindo o investimento, freando o consumo e prejudicando a geração de empregos. Sem falar na dívida pública que cresce esponencialmente a cada subida dos juros.
Mas o cenário real da economia brasileira permanece positivo, especialmente se comparado com a Europa e os EUA. Em relação ao emprego, então nem se fala : o IBGE divulgou esta semana o menor índice de desemprego (6,2%) da década, a massa de rendimentos subiu 6% e, de janeiro a junho deste ano, foram criados 1,4 milhão de empregos com carteira assinada, segundo dados do Caged. A economia também continua crescendo num ritmo muito bom, embora inferior ao do ano passado.
É evidente que temos muitos desafios pela frente. O endividamento crescente das famílias preocupa, é preciso criar melhores empregos, pondo fim à precarização e regulamentando a terceirização, e os gargalos de infraestrutura ainda levam um tempo para serem superados, a despeito do PAC ter um papel fundamental nesta virada. O câmbio sobrevalorizado também traz enormes prejuízos para o setor exportador e para a nossa indústria. Mas o caminho está correto. O negócio é seguir em frente.
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