Numa das cinco campanhas presidenciais que me orgulho de ter feito para Lula, estava panfletando na Praça XV, no Rio, quando um senhor bem vestido e com anel de doutor me abordou com a seguinte indagação: "Como pode um rapaz com pinta de instruído pedir votos para um analfabeto ?" Respirei fundo diante da provocação, mas retruquei com tranquilidade : " Meu senhor, o problema é que a elite brasiliera com toda a pose e preconceito sabe muito menos que o Lula. Faço uma aposta : se o senhor debatesse com o Lula assuntos de enorme relevância para o Brasil como saúde, educação, relações internacionais, dívida externa, geração de emprego e renda, programas sociais, etc, certamente não daria nem para a saída". O velho reaça se calou. Desde então concluí que, mais do que preconceito, o que uma parcela significativa dos bem nascidos deste país sente por Lula é inveja.
Mesmo depois de ter deixado a Presidência, é impressionante como o sucesso do nordestino operário que virou presidente causa urticária na velha mídia, eterna porta-voz da nossa elite mais retrógada. Os títulos de doutor honoris causa de universidades das mais conceituadas, as palestras que faz mundo afora e as inúmeras homenagens que recebe são vistos com um desdém típico da alma pequena dos invejosos : "ele ainda não desencarnou da Presidência", "sua liderança cria constrangimentos para a presidenta Dilma", "tudo que ele faz é preparar sua volta em 2014", "empresas multinacionais e bancos pagam por palestras suas", " Lula viaja com governadores e inaugura obras como se ainda fosse presidente."
Recomenda-se, no mínimo, sete sessões de psicanálise semanais para as famílias Marinho, Civita, Mesquita, Frias e seus prepostos e operadores. Quem sabe essa terapia intensiva ajudaria a aplacar um pouco a dor causada pela constatação da realidade: depois de deixar o governo com 89% de avaliação positiva, o ex-presidente Lula desfruta da condição de estadista internacional, de um principais líderes mundiais. O que ele faz, pensa e diz interessa aos grandes veículos de comunicação do mundo, às lideranças da comunidade política global, à opinião pública de todos os continentes. Os programas sociais criados e implantados no seu governo ecoam e são referências de políticas públicas em todos os países pobres e em desenvolvimento. Não é á toa que Lula não para de receber prêmios ao redor do planeta pelo seu protagonismo no combate à fome.
Contudo, como no Brasil a mídia confunde liberdade de imprensa com jornalismo partidário de oposição, esses méritos e realizações raramente são reconhecidos pelos jornalões, revistas e pela Globo. Mas dá para entender. É uma questão de sobrevivência, já que eles falam somente para aqueles 3% ou 4% de brasileiros e brasileiras renitentes que sempre acharam o governo Lula ruim ou péssimo e têm horror a Dilma. Enganam-se, porém, se julgam que a sucessão de matérias depreciativas pode inibir a atuação política do ex-presidente. Quando ele diz que se dependesse da imprensa brasileira teria deixado o governo com avaliação positiva menor que zero, lê-se nas entrelinhas a mensagem principal : Lula não precisa para nada desta imprensa golpista, preconceituosa e, principlamente, invejosa.
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