Aumento de impostos, privatização, corte de salários, demissões no serviço público.Nem a Grécia, berço da civilização ocidental, foi poupada da voracidade da especulação financeira internacional. E o mais grave é que mesmo depois de levar o paciente ao estado de coma atual, a receita dos "doutores" das finanças é tão cínica quanto letal: : aumentar em doses cavalares a ingestão do mesmo medicamento que deixou moribundo o enfermo.
É importante observar que boa parte dos títulos da dívida grega (que ainge 150% do PIB do país) está nas nas mãos dos bancos alemães, principalmente, e franceses. Não é à toa que a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, marcaram forte presença na mídia nos últimos dias, cumprindo o papel de porta-vozes da chantagem à Grécia : ou o parlamento grego aceitava o pacote de "austeridade" ou o país ia à bancarrota. Na verdade, o que está em jogo, outra vez, é a sobrevivência do capital especulativo globalizado.
Isso porque a farra da jogatina desregulamentada segue seu curso normal depois da crise de 2008/2009.Virou fumaça a cantilena das nações ricas e poderosas, e de seus bancos, de que sob os escombros da tsunâmi econômico-financeirra que varreu os EUA e a Europa uma nova era se abriria no mundo das finanças. Três anos depois, até as calçadas de Wall Street sabem o que aconteceu : os bancos se empanturraram de dinheiro público, se salvando, portanto, da falência às custas dos tributos e impostos pagos pela sociedade, mas em nada mudaram seus modus operandi.
Sob as benções dos governos europeus e dos EUA, seguem pagando bônus bilionários aos seus dirigentes, incentivando o investimento em hipotecas podres de imóveis, maquiando balanços, apostando alto no pantanoso mercado de derivativos e oficializando à luz do dia um calote generalizado aos governos que os socorreram com trilhões de dólares, quando, no auge da crise, o efeito cascata desencadeado pela quebra do Lehman Brothers apontou a guilhotina para o pescoço destes endinheirados, gente insensível socialmente, reacionária politicamente e irresponsável administrativamente.
Hoje,em vez de estarem no banco dos réus respondendo por um sem número de crimes financeiros, esses vestutos senhores, com o auxílio inestimável da mídia ocidental, tem a coragem de apertar o torniquete no povo grego, exigindo austeridade e compromisso com o futuro da União Europeia. Contudo, como disse um dias desses o José Dirceu em seu blog, "faltou combinar com os russos", ou seja, resta saber se a população grega vai aceitar este violento arrocho. Com a palavra, as ruas de Atenas, onde os gregos defendem sua dignidade com todas as forças.
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Depois de muito tempo sem ter notícias tuas, descubro este ótimo blog. Parabéns, o blog já está entre meus favoritos e vou estar sempre fazendo alguns comentários. Aproveitando, outro dia ouvi um economista dizendo que a Grécia só preocupa enquanto colocar em risco a União Europeia. Quando este risco não existir mais, a ideia é deixar ela padecer sozinha.
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