Por José Garcia Lima - dirigente da CUT-RJ e do PT
O que querem de fato as grandes e tradicionais organizações de comunicação com esse papo de faxina? Instalar um clima de desesperança ao pontuar, tão completamente, que a política é uma atividade abjeta, praticada por gente desprezível, que custa caro e é desnecessária? Ou provar que Lula deixou uma herança que Dilma tem de fazer das tripas coração para administrar? Ou quem sabe convencer a todos que a sociedade pode dispensar a existência do Estado, pois a vigilância que exercem é o suficiente para que a moralidade se instale e tudo funcione à perfeição? Ou tudo isso junto e misturado?
Papo cruzado: no dia seguinte ao assassinato da juíza, em Niterói, eu comprava jornais quando uma mulher jovem, bonita, bem vestida, vendo as manchetes que aludiam ao crime, dirigindo-se a mim,comentou: “já não se pode sequer ser honesto, pois o Estado não é capaz de assegurar isso.” Pensei em perguntar-lhe o que imaginava ser melhor: deixar de ser honesta ou apregoar a extinção do Estado. Não estando exatamente num momento de absoluta paciência e tolerância, optei por não dar qualquer sinal de aquiescência, sequer o grunhido clássico hunhun, utilizado habitualmente diante de circunstâncias semelhantes. Um olhar indiferente foi tudo o que conseguiu.
Mais papo cruzado: é, enfim, cada vez mais freqüente encontrar textos, estudos e discussões que apontam a instalação da cultura do consumo supérfluo como elemento indispensável da afirmação individual, tanto quanto a banalização do niilista consumo de drogas, vinculado à ideia do prazer absoluto, como um dos fundamentos da explosão de violência nas metrópoles.
Acerta a Dilma quando resume a história : “ a faxina que importa é a que remove a miséria.” É a faxina que educa as camadas populares da sociedade, aquelas que historicamente foram mantidas humilhadas como reserva de mão de obra para baratear o custo do trabalho. É a faxina que inclui no plano do consumo essencial os que catavam dejetos nos lixões. É a faxina que distribui renda! E isso é que, rigorosamente, continua a incomodar: a tal da distribuição de renda. Pra cima de moi nem venham! Saibam todos que a UDN não tem mais lugar como discurso e instrumento dessa elite, ela sim, depravada e abjeta!
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