terça-feira, 20 de setembro de 2011

Aos amigos, 9 milhões

O governo tucano de Geraldo Alckimin acaba de renovar, sem licitação e por 9 milhões de reais, assinaturas com as revistas Época, IstoÉ e Veja e os jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo. Sob o pretexto de dotar os alunos e professores da rede pública estadual de São Paulo de “informações isentas e de qualidade”, o governo paulista mostrou o quanto é fiel aos seus amigos. Afinal, desde os tempos do ex-governador Serra, os inestimáveis serviços prestados por esses lixos jornalísticos à causa tucana vêm sendo recompensados regiamente. Só que com o dinheiro público.

Amigo é pra essas coisas. Nas mais de cem CPIs engavetadas ao longo dos 16 anos de governos do PSDB em São Paulo, seus apoiadores, aliados e amigos  na velha mídia  tiveram papel de destaque. O comportamento editorial cúmplice desses veículos sempre oscilou entre a omissão completa (tipo nenhuma linha a respeito) e os pequenos registros localizados nos pés das páginas menos nobres.

Do caso dos subornos pagos pela Alstom ao desmoronamento do buraco do Metrô, das graves suspeitas de irregularidades nas obras do Rodoanel aos pedágios superfaturados mais caros do planeta, da atuação no melhor estilo submundo de Paulo Preto aos processos que correm em Pindamonhangaba contra um parente do governador Alckimin, tudo que potencialmente pode trazer danos à imagem de tucanos de alta plumagem é varrido bem depressa para debaixo do tapete.

Como estamos fartos de saber, a  afinidade política e ideológica entre a oposição e o império midiático há muito descambou para a promiscuidade mais rasteira, com suas atuações se confundindo. Em geral, a imprensa levanta a bola, e a oposição “corta”. Mas também não é incomum a oposição pautar a velha mídia. Sempre para atacar Lula, Dilma, PT e aliados. Partiu de ninguém menos que de Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais, a frase-símbolo, o rótulo perfeito para o conluio : “ nós somos a verdadeira oposição.”

Contudo, o episódio das assinaturas milionárias joga luz sobre um outro aspecto dessa relação : eles (governo e barões da mídia) são sócios, fecham negócios à revelia do interesse público e às custas do contribuinte. Em período de vacas magras para a mídia impressa, abalada pela revolução da internet, pelas mídias sociais e pela blogosfera e vítima de sua péssima qualidade jornalística e partidarização, o dinheirinho tucano acaba sendo muito bem-vindo.

Cá entre nós, eles se merecem.

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