sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A vingança da história


A oposição demotucana e a mídia de direita a seu serviço transformaram a campanha eleitoral do ano passado na mais suja da história. Uma mulher com um passado respeitável na resistência à ditadura militar foi caluniada da forma mais baixa e vil. Contudo, nada como um dia após o outro com uma noite no meio. Os autores das infâmias contra a presidenta tiveram que se curvar ao discurso progressista e pleno de conteúdo político da primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral da ONU. Com sua voz firme e patriótica, Dilma Roussef desferiu um petardo contra o preconceito. Mas da parte do Partido da Imprensa Golpista não se viu, ouviu ou leu nenhuma autocrítica sobre seu comportamento infame nas eleições. Fazer o que ? De onde menos se espera .... é que não vem nada mesmo.


O brilho da fala da presidenta arrancou aplausos até do JN. Claro que muito a contragosto. Ali Kamel certamente não contava com um discurso interrompido seis vezes por aplausos efusivos. Nem com cumprimentos entusiasmados de dezenas de chefes de Estado do mundo inteiro. Pudera. Coerente com a tradição progressista da diplomacia brasileira (só interrompida na era FHC, quando seu chanceler Celso Lafer chegou a tirar os sapatos para entrar nos EUA), Dilma defendeu com vigor a criação do Estado palestino, apontou a falta de vontade política dos países mais ricos no enfrentamento da crise, alertou para os riscos de uma ruptura política e social em caso agravamento da crise, enfatizou o papel da mulher na política e citou seu passado de presa política e torturada, para reafirmar seu compromisso com os direitos humanos.

A presidenta brasileira cobrou enfaticamente a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, dando um importante passo na candidatura brasileira a um assento nesse organismo das Nações Unidas. Por tudo isso, não há exagero nem triunfalismo infantil em reconhecer que Dilma Roussef deu um show na tribuna da ONU. Noves fora algumas vozes empedernidas do atraso e da mesquinharia política, como a do senador tucano Álvaro Dias, que considerou inoportuna a defesa do reconhecimento do Estado palestino, o aplauso, envergonhado diga-se de passagem, do império midiático brasileiro levanta algumas indagações. Senão vejamos :

- Dilma não era um poste, sem traquejo nem vocação para política, que dependia em tudo e para tudo do seu tutor, o presidente Lula ?

- Para a mídia tucana, Dilma não era uma terrorista, cuja ficha falsa chegou a ser publicada na primeira página da Folha de São Paulo ?

- Dilma não era uma ameaça aos valores da família brasileira, por defender o direito ao aborto, como insistiam os setores medievais da igreja católica, os evangélicos, Serra e seus amigos e apoiadores da mídia, que chegou até a envolver o papa nas eleições
brasileiras ?

- Dilma não era uma administradora arrogante , autoritária e rude no trato com seus subordinados ?

- Dilma não era uma pessoa cujo vazio em termos de conteúdo político deixaria o país mal na cena internacional ?

Bem, os outros ataques desferidos contra essa mulher na campanha do ano passado prefiro nem mencionar de tão asquerosos. Não espero, é evidente, nenhuma autocrítica ou retratação da parte do PIG. E por um único motivo : reconhecer erros é coisa de gente que tem vergonha na cara.

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