" O Congresso do PT convoca o partido e a sociedade para a luta pela democratização da comunicação no Brasil, enfatizando a importância de um novo marco regulatório para as comunicações, que, assegurando de modo intransigente a liberdade de expressão e imprensa, enfrente questões como o controle de meios por monopólios, a propriedade cruzada, a inexistência de uma Lei de Imprensa, a dificuldade para o direito de resposta, a regulamentação dos artigos da Constituição que tratam do assunto, a importância de um setor público de comunicação e das rádios e televisões comunitárias." Este trecho da resolução do Congresso do PT revela perfeita sintonia entre a decisão do partido e a luta das entidades da sociedade pela democratização das comunicações. Talvez isso explique a histeria que tomou conta do oligopólio midiático no último fim de semana contra a decisão do PT.
A reação irada das empresas "jornalísticas" não trouxe novidades, no entanto, no que se refere ao método : a mentira. Nesse quesito chama a atenção a orquestração entre os grandes veículos para tentar desqualificar a decisão do PT de mobilizar a sociedade e o Congresso Nacional visando a democratização das comunicações. Todos não se cansaram de repetir o mantra de sempre de que o partido pretende censurar a imprensa, interferir no conteúdo jornalístico, enfim, controlar a comunicação do país. E de nada adiantam os desmentidos mais categóricos do PTe suas claras resoluções e compromissos republicanos em defesa da mais ampla liberdade de comunicação e expressão. O que importa é se colocar na posição de vítima de um pseudo-stalinismo petista e bradar aos céus : "querem nos censurar, socorro!"
Nenhuma surpresa. Também na Argentina a gritaria do monopolista Grupo Clarín se fez ouvir por todo o Rio da Prata.Mas a presidienta Cristina Kichner enfrentou uma tempestade de ataques, mas emplacou sua Ley de Medios. Lá como cá o que os barões da mídia temem é a concorrência. Por trás do falso escudo da ameaça de censura, está o temor doentio de ter que enfrentar um mercado arejado e competitivo marcado pela democratização do acesso às outorgas de radiodifusão, pelas restrições à propriedade cruzada e outras formas de concentração empresarial, como acontece nos EUA, pela democratização da distribuição das verbas publicitárias, pelo fim do abusos do poder econômico no setor e pela regulamentação dos artigos da Constituição que tratam do assunto.
Vale tudo, então, para não perder privilégios. Vale boicotar a Conferência de Comunicação. Vale denunciar censura até na própria sombra. Vale instrumentalizar uma tropa de choque repleta de velhacos e inocentes úteis no parlamento, numa ou noutra entidade da sociedade civil outrora respeitável, na academia e em determinada parcela do Judiciário e do MP. Impressiona o entrosamento dessa turma. Suas declarações públicas sobre o assunto, que contam com espaços cada vez mais generosos na mídia, refletem não só uma monumental pobreza conceitual ( se limitam a denunciar o perigo da censura e ponto final) como também um ferrenho alinhamento político e ideológico à causa das famílias Marinho, Frias, Mesquista e Civita.
O desafio de todos os lutadores pela democratização das comunicações é levar esta discussão para as ruas e mobilizar a sociedade. Se o debate se limitar aos iniciados e doutores, a capacidade de manipulação da velha mídia certamente impedirá qualquer mudança substantiva. É aquela história : quem ganha uma corrida entre um tubarão e um cavalo ? Depende. Se for no mar, o tubarão.Se for em terra, o cavalo.
Ilustração : publicada no blog pontoecontraponto
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