Os sinais nessa direção são consistentes. A presidenta Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vêm deixando claro que, por questões de princípio e compromisso político, não seguirão, em hipótese alguma, o caminho da derrubada da economia, da recessão e do desemprego, para fazer frente aos efeitos da crise.
Sempre que esse receituário foi usado no passado o país deu com os burros n’água. A partir dessa sólida convicção, o governo, ao desonerar setores estratégicos da indústria brasileira acossados pelos importados (Programa Brasil Maior), taxar importações dos carrões de luxo e reduzir a Cide (imposto cobrado sobre a gasolina) avisa que, a exemplo da linha adotada pelo presidente Lula, seu arsenal para combater a crise tem como base as chamadas medidas anticíclicas – fortalecimento do mercado interno, investimentos, aumento de oferta de crédito por parte dos bancos públicos, desonerações.
Mas não tenhamos ilusões. Os barões do setor financeiro vão criar um mar de dificuldades. O que lemos, ouvimos e assistimos na velha mídia todos os dias é apenas a ponta do iceberg do que está por vir. É que os fundamentos da política econômica do governo da presidenta Dilma contrariam interesses poderosos. Por isso, o esperneio do oligopólio midiático. Reparem que os mesmos que, cinicamente, guerreavam contra os aumentos dos juros, agora pegam pesado contra a decisão de reduzi-lo 0,5 ponto percentual.
As mesmas vozes que se levantavam contra o risco da desindustrialização do Brasil e o naufrágio das nossas exportações causados pelo câmbio sobrevalorizado, hoje prevêem uma hecatombe inflacionária caso a subida do dólar não seja contida. Parece conversa de maluco, mas não é. Na esteira de todas esses paradoxos estampados pela velha mídia, e pelos “analistas de mercado”, é possível detectar a olho nu um duplo objetivo : desacreditar o governo e favorecer banqueiros, corretoras, bancos de investimentos e congêneres.
Para Globo, Folha, Estadão e Veja pouco importa se o cidadão dotado de um mínimo de discernimento notar que por trás do primarismo de suas análises, de suas posições pendulares, oscilantes e pobres de conteúdo, está a defesa de teses e causas que nada têm a ver com jornalismo. O que importa é fazer o serviço. E isso eles fazem direitinho.
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