quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O coro dos patifes


Que gentalha! Todas as vezes que os juros sobem, lá vem a artilharia : "taxa de juros mais alta do mundo"; "fator inibidor da produção e do consumo", "consumidor penalizado com o aumento do crediário", " presidenta traiu compromisso de campanha de baixar juros", e por aí vai. Pois ontem, diante da primeira queda depois de sucessivas subidas da Selic, o mundo também desabou para a velha mídia e para os "analistas" de mercado : "Pressão de Dilma faz  taxa de juros cair";  "Banco Central cede à pressão do governo"; “Não era hora de os juros caírem." Patético. Mas o lado positivo é que o rei está nu. A cada dia mais pessoas percebem que esses patifes são movidos por dois objetivos entrelaçados : fazer política partidária contra o governo Dilma e fortalecer o rentismo, em detrimento do desenvolvimento do país.

- Estou chocado, nem sei o que pensar e jamais considerei que isso pudesse acontecer. É uma ruptura que reduz a transparência e aumenta a dificuldade de se prever os próximos passos da política monetária – Roberto Padovani, economista do Banco Votorantim.

- A decisão pode levar ao aumento das expectativas de inflação entre os agentes do mercado. A percepção de falta de autonomia do Banco Central deve aumentar – Rafael Cortez, analista da consultoria Tendências.

- Houve pressões explícitas e o Banco Central cedeu (...).O BC tinha que ser cauteloso e manter os juros – Miriam Leitão, “colonista’ de O Globo.

Essas declarações, pinçadas da página 23 da edição de O Globo de hoje (1/9), constituem-se na mais perfeita tradução da ideologia reinante no mercado financeiro e no oligopólio midiático brasileiro. Expõe os interesses comuns de uma minoria que se lixa para o crescimento econômico do país, o desenvolvimento social do seu povo e a melhoria concreta nas condições de vida das pessoas.

A histeria com que foi recebida uma mísera e insuficiente queda de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros só vem confirmar o quanto são falsas e oportunistas as críticas dos jornalões, revistonas, da CBN ( a rádio que troca notícia) e da Globo aos juros altos e extorsivos. Quanto papel foi gasto por  Miriam Leitão e Cia., por exemplo, descendo a lenha nos aumentos da Selic, sempre apontando seu papel delério na economia, freando o investimento, a produção e o consumo ?

O engraçado é que a cantilena neoliberal da autonomia e independência do Banco Central é usada de forma seletiva pelo PIG. Quando os juros estão em ascensão e com viés de alta, o culpado é o governo. Nesses momentos ninguém acusa o BC de falta de autonomia. Basta uma pequena queda da taxa, porém, para que a ausência de um BC independente passe a ser apontada como uma das mazelas nacionais.
A presidenta Dilma fez muito bem em defender, na véspera da reunião do Copom, a redução da Selic. A política monetária de um país soberano, embora conduzida pelos seus bancos centrais, é de responsabilidade direta do Poder Executivo. Como não reza nem de longe no catecismo neoliberal, a presidenta foi além e avisou que sua meta é chegar a uma taxa de juros real (descontada a inflação) entre 2% e 3%. Alertou ainda que o Brasil não pode se dar ao luxo de repetir a hesitação verificada na crise de 2008/2008, quando o BC, por excesso de moderação, não cortou a Selic na proporção necessária.

Vá em frente presidenta, afinal, “os cães ladram, mas a caravana passa.”

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