quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A ofensiva das agências 171

Francamente. Alguém preocupado com a economia real (investimento, produção, emprego, salário, consumo) perde tempo com as notas emitidas pelas agências de risco ? Economistas e acadêmicos não comprometidos com a patifaria da especulação não se cansam de apontar essas agências como ridículas, verdadeiro estelionato praticado em nome dos rentistas. Agora mesmo quando uma das grandes agências 171 ( assim batizadas pelo ex-ministro Delfim Neto), a Moody’s, acaba de jogar no ventilador ao rebaixar dois grandes bancos franceses, o espaço que a mídia brasileira dedica ao assunto é proporcional à sua mediocridade.

Em vez de valorizar o rebaixamento das notas de grandes bancos da França como Crédit Agricole e o Société Générale, tentando imputar às agências de rating um grau de importância que elas estão longe de ter, bem que o PIG poderia se voltar para a vida como ela é e destacar a reação popular ao pacote do primeiro ministro da Itália,Sílvio Berlusconi, aprovado ontem pelo Parlamento daquele país. Ao todo são 54 bilhões de euros em cortes de direitos.

O fato de todas as organizações da sociedade italiana estarem em pé de guerra contra o plano se refletiu no resultado apertado da votação na Câmara dos Deputados : 314 a 300 a favor das medidas. Pudera. O pacote penaliza as mulheres com o alongamento do tempo de trabalho necessário para requerer a aposentadoria, facilita as demissões e freia investimentos públicos. A saída à italiana para a crise segue o receituário do Banco Central Europeu e do FMI já aplicado na Irlanda, em Portugal e na Grécia.

O fio condutor dessas políticas é a penalização dos trabalhadores, dos aposentados, dos servidores públicos e dos estudantes, enquanto os que têm suas digitais fincadas na origem da crise econômica internacional seguem impunes, nadando de braçada num mercado financeiro tão desregulamentado e irresponsável como no período anterior à crise de 2008.

O mesmo acontece nos EUA, onde a conseqüência mais palpável das medidas de Obama é o desemprego de cerca de 30 milhões de pessoas, enquanto seus algozes – os banqueiros e agentes do mercado responsáveis pela crise – foram socorridos com bilhões de dólares do Tesouro americano. Não é por outro motivo, aliás, que a reeleição do presidente americano corre sério risco.


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