sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Excesso de moderação faz mal à saúde...política

Está pegando mal o silêncio institucional do PT sobre a tentativa do deputado Protógenes Queiroz de criar a CPI da Privataria, com base nas denúncias do livro do jornalista Amaury Ribeiro Júnior  (fartamente comprovadas por documentos), na Câmara dos Deputados. É bem verdade que muitos deputados do PT assinaram o requerimento da CPI. Também é fato que parlamentares e alguns dirigentes do partido têm criticado o silêncio desesperado da mídia para proteger seus queridinhos tucanos. Contudo, uma visita ao site do partido é suficiente para se perceber que, oficialmente, o PT ignora o assunto.E por que será ?

Bem, existe e é palpável o constrangimento do presidente nacional do partido, deputado estadual Rui Falcão. Pudera, ele sai “mal na foto” no livro do Amaury, no qual um capítulo inteiro é dedicado à luta fratricida do setor de comunicação da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Rui Falcão é acusado de vazar informações da campanha para lixos jornalísticos como a Veja, com o objetivo de desgastar o grupo que ele considerava rival no staff de comunicação da candidata. É importante registrar que Falcão está movendo processo judicial contra o jornalista por conta disso.

Ora, na condição de presidente do partido, Falcão tinha o obrigação de separar o joio do trigo, afinal “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa." Trocando em miúdos, a pendenga judicial que mantém com o autor do livro não deveria cegá-lo para o contéudo bombástico do restante da obra ( 90% ou mais), que desnuda  os mecanismos de rapinagem tucana durante a farra das privatizações nos governos de FHC, envolvendo gente muito próxima, amigos e parentes de José Serra. Amaury não deixa pedra sobre pedra e expõe as vísceras do esquema quadrilheiro montado para roubar dinheiro do povo brasileiro.

A pergunta que não quer calar é a seguinte : a cúpula dirigente do PT considera ou não esse assunto de extrema gravidade ? Até agora nenhum dirigente graduado do partido veio a público para rebater a acusação também feita por Amaury na Privataria Tucana de que a CPI do Banestado (2003/2004), uma das fontes que embasaram o seu trabalho, teve seu relatório sepultado por um acordo entre e PSDB e PT. Que diabo de acordo é esse ? Como militante veterano do partido, me considero no direito de saber o que o PT tinha a esconder. Se é que tinha alguma coisa a esconder.

Já ouvi por aí indagações do tipo : “por que os governos do Lula não apuraram a privataria tucana ?”. Pois é, boa pergunta. Na minha opinião, não investigou para não ser taxado de revanchista, rancoroso, que prioriza o passado ao invés de cuidar do presente e olhar para o futuro, etc. Contudo, o livro do Amaury mostra o quanto essa decisão se revelou equivocada. Mas hoje o partido cometerá um erro ainda mais grave se, em nome de um pragmatismo exageradamente chapa branca, que tudo faz para evitar toda e qualquer turbulência na cena política, optar por ajudar os tucanos a varrer essa sujeirada para debaixo do tapete.

Se para construir um partido de massas, certas visões sectárias e dogmáticas precisaram ser derrotadas ao longo da trajetória do PT, também o excesso de moderação política em partidos de esquerda  que chegam ao poder é uma tentação que precisa ser combatida. Caso contrário, o conjunto de valores do partido estará com os dias contados. Sempre em nome da governabilidade.

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