quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Uma aula de boas maneiras

Imaginem um amigo seu te convidar para um almoço na casa dele para conversar sobre a vida e tratar de projetos e negócios em parceria. Você aceita e no dia e hora marcados está lá. Só que você, em vez de conversar sobre os assuntos combinados, prefere deitar falação crítica sobre o modo como seu amigo ganha a vida, como cria os filhos ou como se veste. Pois foi mais ou menos este o comportamento que os jornalões e a Globo cobraram da presidenta Dilma em sua visita a Cuba. Mais uma vez se deram mal. Primeiro porque a presidenta é educada e sabe se comportar na casa dos outros. Depois, porque o princípio da não ingerência nos assuntos internos de outros países é uma espécie de ponto de honra da diplomacia brasileira.


Chega a ser constrangedor o papel a que submetem os que vendem sua pena para os barões da mídia brasileira. Em nome de uma fidelidade canina ao jornalismo partidarizado e medíocre imposto por seus patrões, é negado ao leitor um mínimo de informações relevantes sobre a teia complexa de interesses que move as relações entre os países, que vão da solidariedade às trocas comerciais, das parcerias e convênios a acordos de cooperação, das políticas de integração à atuação em organismos multilaterais, da criação de blocos a alinhamentos de natureza geopolítica.

Achar que a presidenta desembarcaria em solo cubano para cobrar respeito aos direitos humanos na Ilha é coisa de quem já traz de baixo do braço a chamada matéria-tese, aquela em que o repórter ignora fatos e evidências com a  obsessão de corroborar a tese que o seu editor precisa emplacar sobre pau e pedra, custe o que custar. Podiam ter dormido sem essa. Ou melhor, sem essas.

Perguntada sobre a situação dos direitos humanos em Cuba, Dilma citou a prisão americana de Guantánamo e ensinou  que a importância do assunto requer que ele seja tratado de forma multilateral. Lembrou que todos, inclusive o Brasil, têm telhado de vidro ( Pinheirinho e Cracolância que o digam) e se negou a usar a bandeira dos direitos humanos como arma de combate ideológico. "Não temos preconceito de nenhuma ordem. essa é uma característica que não é do meu governo, não é só do presidente Lula. É uma característica do Brasil", fulminou.

Talvez seja oportuno informar aos desavisados da imprensa brasileira que a presidenta foi à Havana cuidar de assuntos importantes para os dois países, tais como a instalação de empresas farmacêuticas brasileiras na Ilha, parcerias com empresas públicas cubanas para  produção de remédios, o Porto de Mariel, (empreendimento da Odebrecht com fianciamento do governo brasileiro) e o incremento da compra de alimentos brasileiros por Cuba. O Brasil também reafirmou seu compromisso de continuar lutando pelo fim do bloqueio econômico criminoso a Cuba.

Um comentário:

  1. Postura corajosa, altiva, independente e soberana, a resposta da presidente Dilma Roussef à inquisição midiática sobre a situação política em Cuba. Suas respostas firmes desagradaram a mídia colonizada e seus comentaristas e blogueiros. Que autoridade tem um império decadente e carniceiro, que invade e escraviza países e povos soberanos, derruba governos eleitos, assassina friamente seus opositores, estabelece a "Pax Armada estadunidense" como instrumento de terror e de imposição do seu "modo de vida", que vive da morte!? Isso Dilma! Os EUA devem ser retirar imediatamente do território soberano de Cuba, fechar o campo de concentração de Guantánamo, garantir dignidade e direitos humanos aos prisioneiros, condenados sem julgamento ou direito a defesa, indenizar o povo cubano, além de pedir desculpas. Cuba, assim como Brasil, não devem obdiência a um império decadente e que tenta sobreviver às custas das guerras, dos saques, escravização e agressões às autonomias dos povos e nação. Todo apoio ao povo cubano e sua resistência em se tornar quintal e bordel dos EUA. Professor Helder Molina, Rio de Janeiro

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