sábado, 1 de dezembro de 2012

Síndrome de Estocolmo tem cura


Síndrome de Estocolmo é um fenômeno psíquico segundo o qual a vítima acaba simpatizando com seu algoz e se identificando emocionalmente com ele. A imagem cai como uma luva para tentarmos compreender o comportamento sadomasoquista de um grande número de militantes da esquerda e pessoas sem vínculos políticos explícitos, mas dotadas de capacidade de discernimento. Eles ainda se torturam todo santo dia lendo O Globo, Estadão ou a Folha e, no final de semana, alguns ainda têm estômago para traçar uma Veja. Estômago e nervos de aço.Ah, tenho amigos renitentes que insistem em assinar O Globo. Que estranha opção essa de começar o dia provocando ânsia de vômito. Como já tive alta dessa doença terrível, tomo a liberdade de dar algumas dicas de "tratamento" para os que ainda permanecem enfermos.



Como curar a "síndrome de Estocolmo"

1) Assinantes são os casos mais graves - Costumo dizer que esses são os portadores da síndrome em estágio mais avançado. Você que ainda assina O Globo já parou para pensar que o assinante é uma espécie de sócio, de cotista da empresa. Na Rua Irineu Marinho é isso que pensam a seu respeito. Cancele a assinatura imediatamente, de preferência deixando claro os motivos que o levaram a fazê-lo. Além de contribuir para esvaziar as estatísticas de assinantes do jornal, você certamente se sentirá  mais leve ao tirar dos  ombros o peso moral de ser um "associado" dos Marinho. O mesmo vale evidentemente para os assinantes da Folha, do Estadão e da Veja. Ôpa, se você a esta altura do campeonato ainda assina a Veja, um aviso : terá um longo caminho clínico/cívico a percorrer até que possa deixar o CTI, passar pela unidade semi-intensiva, pelo quarto ou enfermaria e, finalmente, ter alta. Mas nada está perdido.

2) Reduza o acesso ao PIG à internet - Infelizmente, por ser jornalista e militante, não posso ignorar as ações criminosas diárias do Partido da Imprensa Golpista. Tomar conhecimento delas é inclusive matéria-prima para o meu trabalho, é dever de ofício. Entretanto, é preciso pôr um ponto final nesta bobagem de que só a leitura dos jornais mantém as pessoas informadas. A era da internet sepultou o monopólio da informação. Uma gama gigantesca de alternativas à informação meliante da grande mídia é encontrada nas redes sociais, nos twiters, facebooks, na blogosfera combativa, nos sites noticiosos contra-hegemônicos e nas páginas das entidades do movimento social e das ONGs. Minha dica, então, é a seguinte : quando navegar na internet em busca de notícias, gaste apenas 10% do seu tempo dando uma olhada crítica nos sites da grande mídia. Dedique os outros 90% aos espaços alternativos. Garanto que você não só se informará melhor como também turbinará sua visão crítica das coisas.

3) Nem pelo futebol e caderno de cultura vale a pena ler O Globo - Notícias sobre o seu time de futebol preferido, bem como a programação dos cinemas, dos teatros e das exposições, são fartamente veiculadas pela internet. Resista à tentação de comprar O Globo nas bancas até mesmo quando for movido por interesses lúdicos, esportivos, culturais ou de entretenimento. Voltamos àquela história da estatística. Se você não comprar, é menos um troféu na galeria inimiga.

4) A propaganda é a alma do negócio – Está certo se trata de um desafio digno de um   Oswaldo Cruz, e com resultados positivos a serem colhidos a médio e longo prazos, mas nos cabe insistir na luta para conter a disseminação da síndrome. Aproveite, portanto, os encontros com familiares e amigos que ainda se pautam pelas calhordices do PIG para mostrar-lhes que um outro mundo é possível. Se o interlocutor for um viciado, por exemplo, em receber revistas em casa nos fins de semana, lhe apresente a Carta Capital, fale da qualidade dos seus articulistas, de sua linha editorial contramajoritária baseada na verdade factual, com diz o Mino Carta. Não custa mencionar também revistas mensais como Retrato do Brasil e Caros Amigos, entre outras. O fundamental é travar uma espécie de guerra de guerrilha pelo imaginário das pessoas. Lembre-se que muitos desconhecem a que interesses servem o PIG não por má fé, mas por pura desinformação e alienação provocadas pelo massacre midiático de cada dia.

5) Esperteza contra “a rádio que troca notícias” – Há muitos ano cultivo o hábito das caminhadas matinais. Sempre com fones de ouvido plugados num outro vício : o rádio. Pela manhã gosto de saber o que vai pela cidade, o trânsito, a previsão do tempo e uma ou outra informação política menos contaminada. Só que não tolero sequer a hipótese de começar o dia me intoxicando (a caminhada tem o objetivo oposto) com coberturas e análises parciais e cretinas. Por isso, aproveito que os fones estão bem ao alcance das mãos para tomar pequenas e higienizadoras providências : entra o comentário de Sardemberg, tiro o fone do ouvido; vem a Miriam Leitão, tiro o fone; é a vez do Jabour, tiro o fone; deparo com o Boechat, tiro o fone; entrou noticiário com linha sacana, tiro o fone. Vou para música. Depois volto para ouvir notícias do Rio. Vocês estão, portanto, lendo um texto de um privilegiado que há anos não ouve a voz desse time de pistoleiros do PIG. “Ah, mas você não fica sabendo o que pensam esses importantes serviçais da imprensa”, dizem alguns. Isso mesmo. O que eles falam e pensam não me interessa. É como se não existissem.

6) Não seja mal agradecido. Boicote o Jornal Nacional – Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Vianna e Luis Carlos Azenha, hoje destacados combatentes pela democratização das comunicações, trabalham na Rede Record. A TV Record nunca compartilhou do ódio antilulista e antipetista do PIG. A emissora foi a única a noticiar com destaque a publicação do livro Privataria Tucana e a sociedade da Veja e de seu chefe de redação em Brasília, Policarpo Júnior, com a quadrilha do Cachoeira. Nem assim nossos amigos e militantes vítimas da síndrome conseguem desencarnar do Jornal Nacional e passar a prestigiar o Jornal da Record. Esse telejornal da emissora do bispo é um primor jornalístico ? Claro que não. Longe disso. Mas, então, é preferível ser torturado pelo antijornalismo visceral do Ali Kamel, que transborda ódio contra Lula, o PT e o governo federal por todos os poros? Não causa nenhuma indignação os 18 minutos mais infames do JN, levados ao ar no dia em que o José Dirceu foi condenado ? Vamos examinar outras hipóteses para as pessoas ficarem  grudadas no Willian Bonner. Já sei, é fundamental sabermos o que noticiou o telejornal de maior audiência da TV brasileira. Se é só para isso, pode mudar de canal, uma vez que a internet repercute tudo que deu no JN no dia seguinte e a mídia alternativa desce a lenha. Outra chance para entender a fidelidade ao JN pode estar relacionada à premissa republicana da laicidade do Estado, já que a Record é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus. Aqui é preciso separar o joio do trigo. O estado laico é uma conquista irrevogável da humanidade. Isso é uma coisa. Outra bem diferente, e um equívoco monumental, é optar pelas Organizações Globo, que é infinitamente mais deletéria  quando o critério é respeito à democracia e à soberania nacional e popular. É bom que tenhamos sempre presente a longa tradição golpista e manipuladora do conglomerado da família Marinho, que traz  no seu currículo a mancha de ter protagonizado tristes episódios da política brasileira ? Ao sintonizar o JN pense na obsessão global contra todas as causas coletivas de interesse popular, com perseguição aos movimentos sociais e a  criminalização permanente da pobreza. Enfim, zele pelo seu bem-estar e tenha uma noite mais agradável. Não assista ao Jornal Nacional.

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