sábado, 16 de março de 2013

Tem tucano de bico vermelho na praça

Merece muita atenção o artigo do cientista social e jornalista Paul Singer, porta-voz do primeiro governo Lula, publicado na Folha deste sábado (16 de março) e que repercute na internet. No seu texto, Singer critica a permanência do PSB no ministério da presidenta Dilma e defende que a minirreforma ministerial deveria começar pelo afastamento dos correligionários de Eduardo Campos. É o que pensa também o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, para quem o governador de Pernambuco já se comporta como adversário e, por isso, deve ser tratado como tal. É interessante observar as pegadas da movimentação de Campos. Elas revelam não uma candidatura alternativa dentro do campo político que governa o país há 10 anos, mas um projeto eleitoral que procura se erguer apoiado no conservadorismo e nos descontentes e ressentidos de todos os matizes.

A palestra proferida pelo governador de Pernambuco a empresários paulistas, na noite desta sexta-feira, ajuda a entender o que passa pela sua cabeça. Dainte de uma dúzia de endinheirados, ele repetiu o mantra "é possível fazer muito mais pelo Brasil", mesma cantilena de José Serra na campanha presidencial de 2010. A propósito, o nome oficial da coligação demotucana era "Brasil pode mais". Coincidência ? A julgar pelas últimas escaramuças políticas de Campos, não. Camaleonicamente, o governador vai mudando de roupagem política à luz do dia sem o menor constrangimento.

Campos apoia a coalização governista há 10 anos, mas, como num passe de mágica, se tornou um crítico da política econômica; Campos governa um estado que recebeu bilionários investimentos dos governos Lula e Dilma (Porto de Suape, Refinaria Abreu e Lima e centenas de programas federais), só ficando atrás do Rio de Janeiro entre as unidades da federação mais aquinhoadas, mas ele se bate contra o projeto de modernização dos portos do governo federal; Campos põe fogo na polêmica sobre os royalties do petróleo, liderando o avanço dos estados não produtores sobre os direitos adquiridos do Rio e do Espírito Santo, mas depois tenta apagar o incêndio às custas da União, propondo que o tesouro nacional desembolse R$ 4,5 bilhões para serenar os ânimos dos não-produtores, numa demagógica cortesia com o chápeu alheio.

Ou seja, como diz Singer, Campos se empenha em criar todo tipo de embaraço para um governo que ele diz apoiar. O governador, como de resto qualquer político que se julgue em condições, tem todo o direito de pleitear uma candidatura a presidente da República. O que fica feio é pôr um pé em cada canoa para ver o bicho que vai dar mais à frente. Cabia neste momento uma conversa franca da presidenta com o recém-convertido às teses oposicionistas. Coisa do tipo :  Dilma :"Governador Eduardo Campos, o senhor é candidato a presidente ?" Campos : "Por enquanto não sei, só vou decidir em 2014". Dilma : "Mas o senhor tem se portado como candidato. Espero que entenda que isso cria uma situação política insustentável para a continuidade da participação do PSB no meu governo, pois é público e notório que sou candidata à reeleição. Como o senhor também é presidente nacional do seu partido, espero que ajude a facilitar as coisas." Ponto final.

Morro de curiosidade para ver o malabarismo de Campos na campanha, sendo forçado a atacar um governo que apoiou por tanto tempo. Será que esse oposicionismo de fancaria e ocasião passará batido pelo eleitor. Duvido. Vejam o caso do PT em Belo Horizonte. Lançou um ótimo candidato nas eleições para a prefeitura em 2012, o ex-prefeito e ex-ministro Patrus Ananias. Conseguiu unificar um partido estilhaçado na capital mineira desde o apoio a Márcio Lacerda, junto com os tucanos, quatro anos antes. Mas esbarrou no estranhamento de boa parte do eleitorado, que se perguntava : "Ué, mas até ontem o PT não estava na prefeitura ? Não tinha um monte de secretarias? Como é que está batendo no governo desse jeito ?" E olha que Patrus representa para Belo Horizonte muito mais do que Campos para o Brasil.

A essa altura, porém, picado de jeito pela mosca azul, certamente o governador de Pernambuco não perceberá a roubada que siginifica concorrer contra Dilma. Fora a enorme popularidade que já ostenta a presidenta, as armações e mentiras deslavadas do consórcio oposição-direita midiática sobre sua gestão e a economia do país vão desmoronando uma a uma. O terrorismo do racionamento da energia elétrica sumiu dos jornais. Os inimigos da queda dos juros enfiaram o rabo entre as pernas. A tragédia inflacionária prevista pelos velhacos de sempre não se confirmou e os índices de inflação estão em queda, para a qual contribuiu decisivamente a redução das tarifas de energia elétrica que o PSDB e os barões da mídia fizeram de tudo para sabotar. A produção industrial volta a crescer em quase todos os estados pesquisados. Não existe crise alguma na Petrobras como querem os privatistas. Só no ano passado a empresa investiu mais de 80 bi, valor recorde em toda sua história.

Que venha 2014 !





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