sábado, 20 de abril de 2013

A Eduardo o que é de Eduardo

Veio do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, a mais lúcida análise sobre a pretensão presidencial do governador de Pernambuco : "O Eduardo virou adversário. Por isso, tem que ser ter tratado como adversário." Bingo. Fugindo ao padrão dos rapapés, salamaleques e não-me-toques dos petistas graduados quando se referem ao assunto, a declaração de Marinho traz embutida uma cobrança oportuna ao presidenciável do PSB : até quando ele pretende saborear a doce realidade de manter um pé em cada canoa ? Foi para a oposição, mas seu partido mantém cargos no governo; não para de atacar o governo, mas é o segundo estado que mais recebe investimentos federais, só ficando atrás do Rio.

Político promissor e governador muito bem avaliado em seu estado, Campos comete um erro de cálculo que vai lhe custar caro. Permanecendo na base aliada do governo, suas chances de ser o candidato da continuidade do projeto democrático-popular, em 2018 seriam grandes. Como não pode mais ser candidato a governador ano que vem, um mínimo de prudência lhe indicaria a alternativa de ser, por exemplo, um dos cordenadores da campanha à reeleição da presidenta Dilma e depois ocupar um ministério importante visando a construção de sua candidatura em 2018.

Em vez disso, ele preferiu navegar nas águas turvas da oposição. Turvas, sem projetos e, sobretudo, sem votos. Chega a ser contrangedor ver o governador  ocupar o horário eleitoral do seu partido na TV para dizer que "é possível fazer mais". Para quem não lembra, o nome oficial da coligação do Serra, em 2010, era "Coligação Brasil pode mais". Como disse o José Dirceu, na semana passada, em Recife, também é possível fazer muito mais em Pernambuco. Afinal, todos os governos, em todas as esferas de poder, têm falhas e insuficiências.

E o pior foi saber que não se tratava de coincidência marqueteira. Logo vieram à tona as articulações secretas entre Campos e Serra. A ponto de Serra colocar seu obscurantismo político a serviço da candidatura do governador de Pernambuco, fomentando a criação do tal Partido da Mobilização Democrática (fusão do PPS com o PMN), pelo qual Serra pode sair candidato a governador de São Paulo, dando palanque a Campos no maior colégio eleitoral do país.

Em muito boa hora, porém, o PT e o PMDB, com o apoio do Planalto, aprovaram na Câmara dos Deputados um projeto que valoriza a fidelidade partidária, inibinindo a farra da criação de partidos. O projeto limita drasticamente o acesso aos recursos do fundo partidário e ao tempo de rádio e TV por parte dos partidos recém-criados. Fica valendo para esses fins o tamando da bancada eleita nas últimas eleições. Esperneio da oposição e do PIG à parte, essa regra faz o voto do eleitor prevalecer sobre os arranjos políticos de ocasião.

Dizem os oposicionistas que o PSD, por ser simpático ao governo, se livrou dessas dificuldades. Ora, primeiro que esse projeto já tramita na Câmara há muito tempo. Depois, o exemplo do PSD não serve de motivo para engessar, no Congresso Nacional, iniciativas voltadas para o aprimoramento do sistema democrático. A essência da medida aprovada pelos deputados, e que agora segue para o Senado, não tem nada de antidemocrática.

Ao contrário, ela dá ao voto a condição de parâmetro fundamental para a definição dos critérios de acesso tanto o fundo partidário como ao rádio e à TV. O PT, por exemplo, teve que "gramar" ao longo de muitas eleições até conquistar a representatividade que tem hoje na sociedade.  O problema é que os novos partidos querem os mesmos direitos da noite para o dia e sem passar pelo crivo do eleitorado.

Voltando a Eduardo Campos, é forçoso reconhecer que seu giro de 180 graus na política  acabou sendo muito positivo para o PT. Imagina se ele deixasse para aprontar lá na frente, eventualmente depois de se eleger presidente com o apoio do PT, em 2018 ? Ficou claro o quantro era de fachada seu compromisso com tudo que os governos de Lula e Dilma têm feito pelo país. Na verdade, sempre esteve à espreita para dar o bote e emplacar sua ambição pessoal de ser presidente.

Agora, que vá procurar sua turma junto com Serra, a mídia golpista e Cia. Do lado de cá, ele não arruma "nem para cafezinho".

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