Por Leandro Fortes, publicado no blog Esquerdopata
Depois
da popularização da internet, a partir de 1996, essa história de “mídia
técnica” baseada em audiência faz tanto sentido como a obrigação de as
empresas publicarem seus balanços anuais em jornais impressos: nenhum.
O
problema é que tem muita cabeça velha tratando de coisas novas, e não
apenas no governo federal. A audiência da internet é zilhões de vezes
superior à da mídia tradicional, aí incluída da TV Globo, suas
afiliadas, assemelhadas e assimiladas, país afora.
O que temos
hoje é esse mecanismo perverso que injeta milhões de reais por ano nos
oligopólios de mídia que se sustentam de dinheiro público, mas não
prestam serviço algum à sociedade, justamente porque concentram seus
interesses na defesa pura e simples do grande capital rentista e do
latifúndio.
Isso significa que o governo do PT, com essa
história de “mídia técnica”, tem financiado a mesma mídia que sataniza
as ações assistenciais do governo, sabota os anseios populares e
criminaliza os movimentos sociais. Isso em nome de uma liberdade de
imprensa de viés golpista que é imposta pelos grupos de mídia como
chantagem permanente ao Estado de direito, como se fosse a imprensa, e
não as instituições nacionais, o verdadeiro guardião da cidadania.
A
titubeante, confusa e deliberadamente evasiva posição do ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, em relação à discussão do marco
regulatório das telecomunicações no Brasil é fruto, exatamente, dessa
situação esdrúxula na qual os detentores do poder de decisão a favor da
sociedade são os primeiros a se acovardarem ao primeiro sinal de
insatisfação do Louro José.
As emissoras de TV trabalham sob
regime de concessão pública. O governo federal tem direito, por lei, a
espaço gratuito durante a programação para veicular pronunciamentos
oficiais e deveria usá-los com maior frequência, em vez de gastar
bilhões em publicidade.
Essa situação já saiu do campo do ridículo e caminha, a passos largos, para a esfera do crime de responsabilidade.
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