Por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo
Nem Getúlio e nem João Goulart tiveram um contraponto ao ataque selvagem da imprensa. Lula está certo em saudar a internet. Lula, com razão, deu ontem graças a Deus pelo aparecimento da internet, “nossa mídia”. Não que a internet seja dele, ou do PT. Mas o fato de que a mídia
digital não é controlada pelos suspeitos de sempre – Marinhos, Frias,
Civitas, Mesquitas – é de fato alentador não apenas para Lula mas para a
democracia .No Brasil, os interesses privados da mídia desestabilizaram, ao longo
da história, mais de um governo que não fizesse o que o chamado 1%
queria que fizesse. Jango, em 1964, foi derrubado. Antes dele, em 1954, Getúlio foi levado ao suicídio.
Não havia o contraponto que a internet oferece. A sociedade era manipulada sem a menor cerimônia.
Lacerda falava no “Mar de Lama” de Getúlio, e todos reproduziam. A
maneira mais canalha e mais barata de atacar governos de esquerda é pelo
lado da “corrupção”.
Os cidadãos mais influenciados pelo noticiário são levados a crer que
o que existe na política é uma roubalheira, e que tirando o partido do
poder o problema estará resolvido.
Quem mais fala em corrupção à luz do sol em geral é quem mais à
pratica na sombra. Nos últimos anos, as empresas de mídia, por exemplo,
levaram a sonegação de impostos ao estado da arte enquanto bradavam em
manchetes sermões moralistas e mentirosos.
Mas o que você pode fazer quando todos os microfones estão com os outros?
Getúlio Vargas, num gesto inteligente e ao mesmo tempo desesperado,
tentou criar uma alternativa à voz ultraconservadora dos barões da
imprensa.
Ajudou o jornalista Samuel Wainer a lançar a Última Hora, jornal
voltado para os interesses populares. Mas foi uma voz solitária contra a
de uma matilha.
Carlos Lacerda, o Corvo, o desestabilizador mais estridente, começou a
atacar Wainer por não ter nascido no Brasil, o que contrariaria a lei
que rege a propriedade de mídia no Brasil.
(Ninguém, mais tarde, reclamaria do fato de a família Civita não ser
originária do Brasil, excetuados os Mesquitas aristocráticos, porque ali
estava mais uma voz da turma.)
Sob as condições em que foram caçados Getúlio e Jango, é presumível que Lula não tivesse resistido ao assédio.
Imagine o circo do mensalão sem o contrapeso da mídia digital.
Provavelmente teríamos hoje um presidente chamado Joaquim Barbosa, a
serviço do 1% e comprometido com a Globo e tudo que de maléfico ela
representa.
Por isso Lula deve ser mesmo grato à internet. E não apenas ele, mas
todos aqueles – petistas ou não – que anseiam por um país menor desigual
e injusto do que aquele que a elite representada pelas famílias da
mídia impuseram aos brasileiros
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